ATA DA
SEGUNDA REUNIÃO ORDINÁRIA DA SEXTA COMISSÃO REPRESENTATIVA DA NONA LEGISLATURA,
EM 20.01.1988.
Aos vinte
dias do mês de janeiro do ano de mil novecentos e oitenta e oito reuniu-se, na
Sala de Sessões do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre,
em sua Segunda Reunião Ordinária da Sexta Comissão Representativa da Nona
Legislatura. Às nove horas e quarenta e cinco minutos foi realizada a segunda
chamada, sendo respondida pelos Vereadores Artur Zanella, Brochado da Rocha,
Cleom Guatimozim, Flávio Coulon, Frederico Barbosa, Gladis Mantelli, Isaac
Ainhorn, Jorge Goularte, Luiz Braz, Rafael Santos, Raul Casa, Werner Becker e
Kenny Braga, Titulares, e Aranha Filho, Clóvis Brum, Getúlio Brizolla e Nilton
Comin, Não-Titulares. Constatada a existência de “quorum”, o Sr. Presidente
declarou abertos os trabalhos e determinou ao Ver. Frederico Barbosa que
procedesse à leitura de trecho da Bíblia. A seguir, o Sr. Secretário procedeu à
leitura da Ata da Primeira Reunião Ordinária, que deixou de ser votada em face
da inexistência de “quorum”. À Mesa foram encaminhados: pelo Ver. Clóvis Brum,
130 Pedidos de Providências, solicitando recuperação de pontos de iluminação
pública nas Ruas Manoel Lopes Meirelles, frente ao n.º 35; República do Peru,
esquina Rua Guadalajara – coletor de lixo n.º 380; Platão, frente ao n.º 130;
Guadalajara, frente aos n.ºs 423, 75; Manoel Bandeira, frente aos n.ºs 248, 86,
126; Vital Brasil, esquina Ernesto Pellanda; Aloísio Azevedo, esquina Ernesto
Pellanda, frente ao n.º 155; Dr. Otávio dos Santos, frente ao n.º 257; Ivan
Iglesias, frente aos n.ºs 87 e 70; Louvre, frente ao n.º 90; Jenor C. Jarros,
esquina Dom Luis de Guanella, em frente ao n.º 27; 19 de Abril, frente ao n.º
144; Martins Fontes, frente ao n.º 181; Enrico Caruso, frente ao n.º 64; 24 de
Agosto, frente ao n.º 370; na Travessa Ghandi, frente ao n.º 113; nas Praças
Eron Rodrigues, no meio da Praça; Manoel Macedo (em todos os pontos);
recuperação de bocas-de-lobo nas Ruas Enrico Caruso, esquina Manoel Bandeira; Manoel
Bandeira, frente aos n.ºs 650, 41; Rafael Clark, em frente ao n.º 113; Dr. Breno Dias de Castro
(Evinha, 217), esquina Rua Rafael Clark; Carlos Ribeiro da Silva, esquina Rua
Sargento Expedicionário Geraldo Santana; Ivan Iglesias, frente ao n.º 216; Vital
Brasil, frente ao n.º 130; “A” Coinma – Centro Comunitário Coinma, frente ao
n.º 23; na Travessa Ghandi, em frente ao n.º 5; consertos de pavimentação nas
Ruas “A”, em frente ao n.º 26 (Centro Comunitário Coinma); Enrico Caruso, em
frente ao n.º 86; 24 de Agosto, entre a
referida Rua e a Rua Cristo Rei, altura do n.º 121 e em frente ao n.º 440;
Cristo Rei, em frente ao n.º 69; 19 de Abril, em frente aos n.ºs 175, 176, 195
e esquina com a Rua Leopoldo Bettiol; implantação de “poços de visita” nas
redes de esgoto pluvial das Ruas 1 (Ana da Carvalho), em frente aos n.ºs 330 e
30 – Jardim Bento Gonçalves; Rafael Clark, em frente ao n.º 230; Álvaro
Fernandes Ribeiro (Felicia, 48), em frente ao n.º 57 e esq. Rua Rafael Clark;
limpeza dos “poços de visita” das redes de esgoto pluvial das Ruas Leopoldo
Bettiol, frente ao n.º 262; Carlos Ribeiro da Silva, em frente ao n.º 199; Luizinha Borges Fortes
(Luiz, 270), em frente aos n.ºs 261, 230, 80 e esq. Rua Álvaro Fernandes
Ribeiro; Dr. Breno Dias de Castro (Evinha, 217), em frente ao n.º 160;
consertos nas redes de esgoto pluvial das Ruas Jeonor C. Jarros, frente ao n.º
47; “F” Coinma, frente ao n.º 397; “C” Coinma, frente aos n.ºs 285 e 316; “B”
Coinma, frente aos n.ºs 204; Manoel Lopes Meirelles, esquina Dr. Otávio dos
Santos; Rafael Clark, em frente ao n.º 103; Av. Alberto Pasqualini, frente ao
n.º 771 e ao lado do n.º 1083; implantação de bocas-de-lobo nas Ruas Leopoldo
Bettiol, esquina com a Rua 24 de Agosto (três bocas-de-lobo), esquina com a Rua
19 de Abril, esquina com a Rua Enrico Caruso (duas bocas-de-lobo); Dr. Otávio
dos Santos, em frente aos n.ºs 111, 100, 200, 241, 570 e 571; Cel. João Pacheco
de Freitas, esquina Ruas 24 de Agosto (duas), Francisco Porto (duas) e frente
aos n.ºs 481, 490, 419, 428 e 390; Cruz e Souza, esquina com a Rua Louvre
(duas); Cristo Rei, em frente aos n.ºs 175 e 95; 24 de Agosto, em frente aos
n.ºs 450, 393 e 271 e na esquina da Av. Alberto Pasqualini (duas); Júlio
Ribeiro, em frente ao n.º 37; Dr. Breno Dias de Castro, (Evinha, 271); Antônio
Ângelo Carraro, em frente aos n.ºs 114, 115 e 169; Enrico Caruso, em frente ao
n.º 276 e na esquina da Av. Alberto Pasqualini; “F”, em frente aos n.ºs 380,
393, 373, 388, 350, 381, 361 e 337, Bairro Jardim Itú; Jenor C. Jarros, em
frente aos n.ºs 180 e 114; Ivan Iglesias, em frente ao n.º 70; Araci Froes,
esquina Dr. Otávio dos Santos; Louvre, em frente aos n.ºs 101, 232, 328, 335,
427 e 426, esquina com a Av. Alberto Pasqualini; Aloísio de Azevedo, em frente
aos n.ºs 65, 60 e 145; República do Peru, esquina Rua “F” (duas), em frente aos
n.ºs 380 e 398; “D”, em frente aos n.ºs 327 (duas), 317, esquina com Rua “C” e
esquina com Rua Guadalajara e em frente ao colégio (três) – Bairro Jardim Itú;
“A” (Centro Comunitário Coinma), em frente aos n.ºs 1, 27 e esquina com as Ruas
“E”, “B” e Otávio Santos; Manoel Bandeira, em frente aos n.ºs 640, 417, 335 e
318; Vital Brasil, em frente aos n.ºs 51 e 40; “C”, em frente aos n.ºs 385,
305, 307, 310, 316 e 299, Bairro Jardim Itú; “B”, em frente aos n.ºs 247, 211,
226 (duas), 207 e 210, Bairro Jardim Itú; “E”, em frente aos n.ºs 70, 71, 62 e
80, esquina com a Rua “A”, Bairro Jardim Itú; Platão, em frente aos n.ºs 29,
70, 79, 210, esquina Louvre, 291, 288, em frente aos n.ºs 371, 385, 434, 514,
525, esquina com a Rua Enrico Caruso; Guadalajara, em frente aos n.ºs 277, 440,
185, 115, 486, 487, 590, 660, 723 e 635; nas Praças Coinma (toda a praça); Eron
Rodrigues, esquina Rua Vital Brasil; na Av. Alberto Pasqualini, em frente aos
n.ºs 30, 37, 105, 130, 225, 328, 335, esquina Ruas Enrico Caruso, Huet Batelaz
e Francisco Porto e em frente ao n.º 1384; retirada de depósitos de lixo nas Ruas Aloísio
Azevedo, esquina Ernesto Pellanda; “F” Coinma, frente ao n.º 348; 19 de Abril,
frente ao n.º 95; Martins Fontes, ao lado do n.º 61; Antônio Alvarez Pereira
Coruja, esquina Ernesto Pellanda; Manoel Lopes Meirelles, no início da Rua
Perto n.º 71; Manoel Bandeira, esquina com a rua Ernesto Pellanda; instalação
de torneiras públicas nas Ruas Sargento Expedicionário Geraldo Santana, esquina
Rua Rafael Clark; Luizinha Borges Fortes (270, Luiz), esquina com a Rua
Sargento Expedicionário Geraldo Santana; reposição de lâmpadas de iluminação
pública nas Ruas Louvre, frente ao n.º 100; “E” Coinma, esquina Rua “E” Jardim
Sabará; Manoel Bandeira, frente ao n.º 620; Cel. João Pacheco de Freitas,
frente aos n.ºs 310, 280, 165; 24 de Agosto, frente aos n.ºs 450 e 430;
Travessa Branca Bagorro; Av. Alberto Pasqualini, esquina Rua Louvre, travessa
entre a Manuel Bandeira e Alberto Pasqualini e Guerra Junqueira; implantação de
área de lazer na Rua Dr. Breno Dias de Castro (Evinha, 217), em frente do n.º
217; implantação de pontos de iluminação pública na Rua Guerra Junqueira,
frente aos n.ºs 15 e 80; na Praça Coinma (toda a praça); desobstrução de bocas-de-lobo
nas Ruas Luizinha Borges Fortes (270, Luiz), em frente ao n.º 150, esquina com
a Rua Álvaro Fernandes Ribeiro; Carlos Ribeiro da Silva, em frente aos n.ºs 49,
68; Dr. Breno Dias de Castro (Evinha, 271), em frente ao n.º 65; Rafael Clark,
esquina com a Av. Bento Gonçalves, esquina Rua Álvaro Fernandes Ribeiro;
Guadalajara, esquina com a Rua Platão, frente ao n.º 565; Manoel Bandeira,
frente aos n.ºs 580, 487, 447, esquina Guadalajara, 2221; Cruz e Souza, esquina
Rua Louvre; Guerra Junqueira, altura do n.º 80; Manoel Lopes Meirelles, esquina
Rua “B” (Coinma), esquina Dr. Otávio dos Santos; Platão, frente aos n.ºs 18,
138, 154, esquina com a Rua Cláudio M. da Costa, frente aos n.ºs 371, 474, 455,
esquina com a Rua Enrico Caruso; Cláudio Manoel da Costa, esquina com a Rua
Platão, esquina Vital Brasil; Louvre, frente aos n.ºs 36, 37, 100 e 335,
esquina Manoel Bandeira; Ivan Iglesias, frente aos n.ºs 216 e 70; Antônio
Ângelo Carraro, esquina Leopoldo Bettiol; Cel. João Pacheco de Freitas, esquina
com a Rua Francisco Porto, frente ao n.º 175; Antônio Álvarez Pereira Coruja,
esquina Rua Louvre (duas); Cristo Rei, frente aos n.ºs 10 e 95; Dr. Otávio dos
Santos, frente aos n.ºs 90, 100, 111, 208, 241, 250, 257, 300 e 480; “F”
Coinma, frente aos n.ºs 346 e 370; “C” Coinma, frente ao n.º 282; Álvaro
Fernandes Ribeiro (Felícia, 48), esquina com a Rua Luizinha Borges Fortes; 1
(Ana de Carvalho), em frente ao n.º 220; “C” Coinma, frente ao n.º 282; Aloísio
Azevedo, esquina com a Rua Cláudio M. da Costa; “B” Coinma, frente aos n.ºs
240, 221 e 213; “D” Coinma, frente aos n.ºs 333, 331; 19 de Abril, frente aos
n.ºs 212 e 222; Jenor C. Jarros, esquina com a Av. Alberto Pasqualini n.º 114; Araci Froes, frente à Praça
João Batista; Av. Alberto Pasqualini, frente ao n.º 475 (quatro), esquina com a
Rua Martins Fontes; Travessa Branca Barrogo, em frente aos n.ºs 66 e 47; 04
Indicações, sugerindo ao Sr. Governador do Estado que, através da Companhia
Riograndense de Telecomunicações, sejam instalados telefones públicos com chamada,
tipo “orelhão”, nas Ruas Guadalajara, frente ao n.º 520; 24 de Agosto, frente
ao n.º 271, Minimercado Pozzebom; instalação de um posto policial na Rua Manoel
Lopes Meirelles; instalação de uma caixa coletora de correspondência na Rua
Guadalajara, esquina com a Av. Alberto Pasqualini; pelo Ver. Isaac Ainhorn, 01
Pedido de Previdências, solicitando que seja criado o projeto denominado Música
na Praça, aos sábados pela manhã, com apresentações nos Parques Moinhos de
Vento, Farroupilha e Marinha do Brasil. Do EXPEDIENTE constaram: Ofícios n.ºs
09; 10; 11/88, do Sr. Prefeito Municipal; 06/88, da Prefeitura Municipal de
Itaqui, RS; 60/87, da Prefeitura Municipal de Tupanciretã, RS; 04/87, da
Associação Riograndense de Imprensa; 25/87, da Dra. Iara Alcântara Dani; 02/88,
da Câmara de Vereadores de Getúlio Vargas, RS; s/n.º, da Câmara Municipal de
Cachoeira do Sul, RS; Cartões da Câmara Municipal de Cachoeira do Sul, RS; da S
L & M – Stand, Loeff & Martins – Comunicações e Marketing; Telegrama do
Dep. Fernando Sant’Ana; Telex do Governador do Estado do Paraná. Em
COMUNICAÇÕES, o Ver. Artur Zanella discorreu acerca do Pedido de Autorização
n.º 09/87, de cedência de área localizada entre esta Câmara e a Estância da
Harmonia, comentando respostas do Executivo Municipal a Pedidos de Informações
que fez quanto ao assunto e ressaltando a necessidade de uma maior atenção para
essa cedência, tendo em vista que ela poderá ser lesiva ao Município. Declarou
que dará entrada, amanhã, a Requerimento solicitando a devolução deste Pedido
de Autorização ao Executivo Municipal. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Ver. Flávio
Coulon reportou-se ao pronunciamento, de hoje, do Ver. Artur Zanella, acerca do
Pedido de Autorização n.º 09/87, declarando que a concessão de uso solicitada
nesse processo necessita de licitação e, portanto, não ser correta a sua
votação durante o período da Comissão Representativa. Disse que esse projeto
visa favorecer os solicitantes e que já solicitou à Diretoria Legislativa
esclarecimentos sobre a regimentalidade do mesmo. Em COMUNICAÇÃO DE PRESIDENTE,
o Ver. Brochado da Rocha teceu comentários sobre o pronunciamento, de hoje, do
Ver. Flávio Coulon, acerca do Pedido de Autorização n.º 09/87, analisando
alguns equívocos que observou no pronunciamento de S. Exa., principalmente
quanto aos solicitantes e objetivos do processo em questão. Discorreu acerca da
tramitação do mesmo na Casa, comentando os efeitos que sua aprovação acarretará
para a Cidade e, em especial, para o Parque Maurício Sirotsky Sobrinho. Ainda,
em COMUNICAÇÕES, o Ver. Jorge Goularte comentou medida tomada pelo Pref. Alceu
Collares, de proibição da venda, em açougues e supermercados, de carne
proveniente de Chernobyl, salientando que essa carne pode já ter sido usada na
fabricação de embutidos ou enlatados, o que diminui a eficácia da Medida do
Executivo Municipal. Solicitou maior fiscalização, devolução da carne ao seu
país de origem e informações acerca dos compradores e do destino que foi dado à
parcela dessa carne que já foi revendida. O Ver. Flávio Coulon comentou
correspondência que protocolou ontem, no Tribunal de Contas do Estado, de
consulta acerca da legalidade da Carta-Contrato celebrada entre o Sr. Prefeito
Municipal e a firma AUA – Arquitetos e Urbanistas Associados Ltda. para
elaboração do chamado projeto Praia do Guaíba, analisando o assunto e Parecer
da Procuradoria Geral do Estado, assinado pela Procuradora Dr.ª Ana Maria
Landell de Moura, acerca da questão. Ainda, em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Ver.
Werner Becker reportou-se ao pronunciamento de hoje, do Ver. Flávio Coulon,
acerca de consulta efetuada por S. Exa. ao Tribunal de Contas do Estado em
relação à legalidade de Carta-Contrato firmada entre o Executivo Municipal e a
firma AUA – Arquitetos e Urbanistas Associados Ltda. Questionou a validade da
Parecer da Procuradoria Geral do Estado, tendo em vista ser um assunto
restritivo do Município. Ainda em COMUNICAÇÕES, o Ver. Frederico Barbosa
discorreu acerca da possibilidade da Ilha do Presídio, ressaltando a falta de
segurança observada no País e comentando os diversos movimentos que sugiram na
Cidade relativos a essa reabertura. Sugeriu que a Casa convide o Secretário
Estadual de Segurança, Sr. Valdir Walter, para reunião, com a participação de
várias entidades, o que permitiria a realização de um amplo debate para
esclarecimento da população a respeito do tema. O Ver. Luiz Braz falou sobre a
implantação, no País, da obrigatoriedade do vale-transporte, comentando
problemas que vêm sendo observados quanto a sua utilização pelos trabalhadores.
Disse estar estudando a possibilidade de reapresentar projeto de sua Autoria,
que criaria o “ônibus operário”, discorrendo sobre o funcionamento do mesmo. O
Ver. Rafael Santos comentou a falta de segurança pública, analisando
deficiências do Governo Estadual para a área, em especial a não-nomeação dos
membros do Conselho Superior de Polícia e a falta de policiamento preventivo
das nossas ruas. Solicitou a colocação de um maior número de policiais nas ruas
de Porto Alegre, principalmente durante a noite. E o Ver. Raul Casa comentou
pronunciamento de hoje, do Ver. Rafael Santos, sobre a falta de segurança
pública. Discorreu acerca da administração do Governo Pedro Simon, à frente do
Executivo Estadual, comentando problemas ali encontrados e ressaltando as dificuldades
enfrentadas pela Companhia Riograndense de Telecomunicações. Durante os
trabalhos, o Sr. Presidente respondeu Questões de Ordem dos Vereadores Werner
Becker e Clóvis Brum, acerca da regimentalidade de votação de concessão de uso
durante o período da Comissão Representativa. Constatada a inexistência de
“quorum” para a Ordem do Dia, o Sr. Presidente levantou os trabalhos às doze
horas e trinta e um minutos, convocando os senhores Vereadores para Reunião
Ordinária de amanhã, à hora regimental. Os trabalhos foram presididos pelos
Vereadores Brochado da Rocha, Frederico Barbosa , Luiz Braz e Flávio Coulon, o
último nos termos do art. 11, § 3º do Regimento Interno, e secretariados pelos
Vereadores Gladis Mantelli, Frederico Barbosa e Luiz Braz, os dois últimos como
Secretários “ad hoc”. Do que eu, Gladis Mantelli, 1ª Secretária, determinei
fosse lavrada a presente Ata que, após distribuída em avulsos e aprovada, será
assinada pelo Sr. Presidente e por mim.
O SR. PRESIDENTE (Brochado
da Rocha): Comunicações.
Primeiro Vereador inscrito, Ver. Antonio Hohlfeldt.
(Ausente.) Próximo
orador, Ver. Artur Zanella. V. Exa. tem a palavra.
O SR. ARTUR ZANELLA: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores. A Ordem do Dia de amanhã fala na votação de um projeto de cedência,
ou coisa que o valha, de uma área para um teatro, denominado Teatro Municipal.
Eu, na época que saiu a reportagem, primeiro na “Zero Hora”, enviei uma série
de Pedidos de Informações ao Executivo Municipal e principalmente se ele se
compatibilizava com o projeto Praia do Guaíba, o tamanho do teatro (falava em
três salas com 2200, 1500, 700 lugares). Ao mesmo tempo a classe teatral
reclamava que estes teatros com tamanho muito grande eram elefantes brancos;
falava numa continuação da matéria; falava-se na construção de hotel, de um
restaurante panorâmico no local e que já tinha sido até cedida a área ou a
Prefeitura teria assinado alguma coisa. O empresário que é responsável pela
negociação, disse que o prédio estaria totalmente construído em janeiro de
1989. Perguntava, então, se o Projeto já tinha passado pelo Conselho do Plano
Diretor, se a Associação estava legalizada e tinha sido pedido, ao menos, uma
DN do Município, quem iria fazer a infra-estrutura, que documento foi fornecido
aos empreendedores, que transferência seria feita com esse documento, quem iria
pagar, como o terreno iria garantir, a avaliação do terreno, enfim, de uma
série de informações que, em resposta, recebi do Executivo, praticamente, a
informação que não tinha nada lá sobre o assunto, estaria sendo estudado e que
não era de responsabilidade desta administração, e sim, citava, nominalmente, o
Sr. Roberto Pimentel, ex-diretor da Divisão de Cultura, no tempo do Prefeito
Dib, como responsável pelas negociações e aprovação do Projeto. Falei com o Sr.
Roberto Pimentel, que me informou não ter dado Parecer nenhum, favorável, pelo
contrário, ele não acreditava na viabilidade do empreendimento. Encaminhei novo
Pedido de Informações ao Executivo, perguntando e pedindo cópia dos Pareceres.
A informação que me deram, telefonicamente, que até hoje não chegou a resposta,
é que estaria tudo no Processo. Recebi ontem o avulso que vai ser votado
amanhã. Estou atrás do Processo para ver se consigo encontrá-lo, porque
aparentemente – não vi o Processo ainda -, incluindo o ano de 1987, este é o
Projeto mais lesivo que já passou nesta Casa para aprovação. Eu ontem li
rapidamente o avulso, fala num terreno entre a Câmara Municipal e o Parque
Harmonia – não tenho o avulso neste momento, mas, se não me engano, a frentesinha
do terreno dá 272 metros. O resto, não conheço, não me lembro, não vi. Mas,
para terem uma idéia, o terreno que vai ser vendido lá na Pedro Chaves Barcelos
que tem muito menos do que isto, de frente ou coisa que o valha, o valor era 25
milhões ainda não reajustado.
Então, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, colocarei amanhã em votação um
Requerimento sugerindo que o Projeto seja devolvido ao Executivo e incluído no
Praia do Guaíba, porque ele conflita inteiramente com o Projeto Praia do
Guaíba, é lesivo; entrega o terreno da Prefeitura para uma pessoa, não é nem
para entidade, um terreno de mais de 100 milhões de cruzados, que vai ser
usufruído por uma pessoa por mais de 30 anos pelo o que eu li. Acho isto uma
temeridade votar, em um recesso onde o “quorum” mínimo é de 11, um Projeto de
tal magnitude, que é maior do que qualquer que passou aqui em 87/88.
O Sr. Werner Backer: V. Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) O que me chamou atenção foi que em 1º lugar ele
contradita com o Projeto Praia do Guaíba. Então o Sr. Prefeito tem que explicar
o que está valendo, se é o Projeto Praia do Guaíba ou se é esse convênio,
porque não é razoável que o Prefeito mande dois Projetos diferentes. Em 2º
lugar tem uma cláusula que diz que no caso de inadimplemento as partes serão
responsabilizadas obrigacionalmente pelos prejuízos causados uma a outra, e no
Projeto não tem nenhuma prova de idoneidade financeira do outro contratante.
O SR. ARTUR ZANELLA: Perguntei isso no Pedido de
Informações e a resposta foi “prejudicado”.
O Sr. Werner Becker: Eu pediria a atenção do
Presidente, embora eu saiba que ele tem resposta pronta. Mas, a concessão de
uso é um direito real. A oneração de direito real pode ser dada durante a
Reunião Ordinária da Comissão Representativa? Tenho a impressão de que é um
Projeto de Lei que a autoriza, portanto deve ser votado ou em Convocação
Extraordinária ou durante as Sessões Ordinárias. Entendo que não temos nem
competência para votar isso durante as Reuniões da Comissão Representativa.
O SR. ARTUR ZANELLA: Um pequeno terreninho: é
uma área de 227mx124x273x145m, dois hectares aproximadamente, na zona mais
nobre de Porto Alegre, em nome da Associação de Amigos do Teatro Municipal de
Porto Alegre. Sr. Jofre Miguel, Vítor Odaí, Eleu Longo Marchand, Luís Sérgio
Mariana Mansur; o conselho fiscal composto por João Horácio Garcia, Maria de
Lurdes Domida, Sônia Duro; Suplentes: Vanoli Pereira Dias e Manoel Barato, bem
como João Carlos da Silva. Essas pessoas receberão um terreno de uns cento e poucos
milhões de cruzados, através de uma votação de uma quinta-feira, pela Comissão
Representativa, com voto de 11 Vereadores. Com seis votos já a aprovam pelos 33
vereadores. Apesar do Parecer do excelente Ver. “Manoel Guru”, Ver. Cleom
Guatimozim, ser favorável, que não sei nem se conseguiu ler todo o processo,
não tenho certeza, pois o Processo tem suas folhas soltas. É um Projeto que vem
amarrado com papel de pão e, quando foi para receber as informações da
Prefeitura, responderam, em 80%, “prejudicado”, “prejudicado”, “prejudicado”.
Pedi outros pareceres, por telefone, e a pessoa que responde pela SMEC me
respondeu que não era assunto dela e, sim, da administração anterior, sendo que
seria votado amanhã.
O Sr. Rafael Dos Santos: V. Exa. me permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Esse Processo andou na SMAM, na época em que eu era
Secretário. É um verdadeiro absurdo o Município abrir mão de terreno dessa
qualidade, por um empreendimento que na realidade é uma aventura. O Sr. Jofre
Miguel quer o terreno, para, com o terreno na mão, buscar verbas federais. Quer
dizer, é uma verdadeira aventura, qualquer um de nós pode fazer, dê um terreno
ao Ver. Frederico Barbosa que ele pedirá verbas para fazer um teatro, ou seja,
não há nada no Processo que possa garantir a execução do teatro. É uma
verdadeira aventura e, seguramente, não terá o meu voto.
O SR. ARTUR ZANELLA: E, inclusive estou lendo,
Sr. Presidente, que é área do parque. E quem pede, em primeiro momento, é o Sr.
Jofre Miguel Promoções Artísticas, não é nada de Associação ou coisa assim.
Então, eu coloco que, no mínimo, não é prudente a votação amanhã. Eu
ingresso com o meu Requerimento, coloco pedindo para devolver tudo isso aqui ao
Sr. Prefeito e, se S. Exa. desejar, encaminhe junto ao Projeto Praia do Guaíba
ou coisa que o valha, porque inclusive prevê hotéis etc. E segundo informações
telefônicas que pedi que colocassem no papel, está sendo reavaliado e
reestudado.
O que se quer no momento, e eu vou fazer os cálculos agora, na verdade,
é transferir quase 2 hectares no Centro de Porto Alegre. Um hectare lá na Rua
Marcelo, meus vizinhos, eram 25 milhões de cruzados, agora os senhores imaginem
2 hectares aqui atrás!
O Sr. Cleom Guatimozim: V. Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Vereador, nós relatamos ontem, encaminhados à
Diretoria Legislativa o nosso Parecer. Nós examinamos o contrato, havia erros
que nós consertamos, por exemplo, onde as partes são identificadas e que
chama-se preâmbulo do contrato. No preâmbulo do contrato as partes
identificadas não eram partes capazes de firmar o contrato. O próprio Sr. Jofre
Miguel, identificado no preâmbulo do contrato como Presidente da Associação de
Amigos do Teatro Municipal, não continha no Processo nada que o autorizasse,
que lhe desse esse título, assim como também no que se refere à Associação não
tinha dentro do Processo provas de que é uma Sociedade Civil devidamente
registrada, então, nós, por telefone, pedimos essas peças que nos foram
enviadas e nós colocamos no Processo. Talvez sejam essas folhas que estejam
soltas, que V. Exa. alegou.
Nós relatamos favoravelmente no que se refere ao contrato em si, ao
acordo entre a Prefeitura Municipal e a Associação. A Associação foi firmada só
para este fim. Recentemente formada, e no que se refere ao contesto do
contrato, também mereceria alguns reparos.
O SR, ARTUR ZANELLA: Encerro, Sr. Presidente,
dizendo, inclusive, que o estudo que estou vendo aqui, me foi afirmado por
pessoa mais representativa possível, da SMEC, que não é este, que é outro que
já estão estudando para diminuir esses tamanhos.
E mais ainda, Sr, Presidente, veja bem que este terreno está sendo dado
em cessão de uso por trinta anos, isso não pode garantir financiamento nenhum.
Encerro dizendo que proponho a devolução deste Projeto para inclusão no
Projeto Praia do Guaíba. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Tempo de Liderança com o PMDB, a palavra com o Ver. Flávio Coulon.
O SR. FLÁVIO COULON: Sr. Presidente, Srs.
Vereadores, eu iria falar deste assunto amanhã, mas como o Ver. Artur Zanella
trouxe a baila hoje eu requeri o tempo de Liderança para falar sobre este
assunto.
Quando eu manuseei este Processo a primeira palavra que veio à minha
cabeça foi a palavra vigarice, mas como seria uma palavra muito dura, eu
resolvi não pensar neste Processo desta maneira.
Agora, que é um Projeto safado, isto eu não tenho dúvida. E que o
Executivo agiu safadamente, eu não tenho dúvida e isto pode escrever e pode
registrar a Taquigrafia, porque mandar, durante uma Sessão Representativa um
assunto deste que não pode ser analisado durante uma Sessão Representativa,
mandar subrepticiamente, um Projeto deste aqui, para tentar, na calada de uma
Sessão Representativa, na calada de um recesso, mandar para cá um Processo que precisa
autorização da Câmara, toda, reunida, é safadeza. E não deixo por menos. E é
uma safadeza rubricada e assinada pelo Prefeito Alceu Collares que, se não tem
bons assessores, tem que tratar de ter bons assessores, porque ele sacramentou
esta safadeza, que é tentar mandar um Processo deste calibre, que cede para
particulares uma área aqui no Parque Harmonia, para fazer um teatro, isto é
safadeza. Este Projeto não tem condições nem de ser analisado nesta Casa,
trata-se de matéria que precisa de licitação. Esta Concessão de Uso é uma
Concessão que não pode ser dada pelos amigos do Prefeito, assim como ele quer
dar, assim, como a Secretária Neusa Canabarro quer dar para o Sr. Jofre Miguel
e para os seus amigos. Está pensando a Bancada do PDT, está pensando o Sr.
Alceu Collares e está pensando a Secretária Neusa Canabarro que nós aqui somos
ignorantes absolutos. É possível reunir um grupo de amigos, fazer um projetinho
e ganhar um terreno do Prefeito? É possível sim. E este Projeto prova. Vai
ganhar um terreno, aqui, na base de um Projeto, na base de um desenho, vão
ganhar, porque, se vier a votação, aqui, 13 votos do PDT e mais alguns votos
catados aí, especialmente da Bancada do PFL, vão assegurar esta aprovação. Para
quem? Um terreno para os amigos do Prefeito e para os amigos da Sra. Neusa
Canabarro. É isto que está dentro deste Processo. E existe um pedido meu,
dentro deste Processo, feito ontem, que por acaso também fui surpreendido com
este assunto, no espelho, e estou solicitando à Assessoria Técnica Legislativa
que me informe se é legal numa Sessão Representativa, ser analisado um assunto
desta magnitude. Na calada da noite tentou a Bancada do PDT; tenta o Prefeito
Alceu Collares, tenta a Secretária Neusa Canabarro favorecer um grupo de amigos
chegados ao poder. E eu fico-me perguntando o que é que existe por trás disto.
E tenho autoridade para perguntar, porque isso é escandaloso. Esse Projeto é
escandaloso, e mais escandaloso ainda é ver, no recesso, um Projeto dessa
magnitude! Um Governo que se preze e que quer ficar acima de qualquer suspeita,
não pode cair nesse tipo de equívoco! Isto foi feito deliberadamente! Por quê?
Porque se trata dessa ideologia maldita desse poder, que é a do fato consumado,
que é a de mandar as coisas para cá já sabendo que vão ser aprovadas, que é
tripudiar sobre a Cidade de Porto Alegre e seus interesses, visando, única e
exclusivamente, favorecer os amigos do poder, e fazer caixas para eleições
deste ano, na imaginação fecunda de que o Sr. Leonel Brizola precisa de bastante
verba para fazer a sua campanha para Presidente da República.
Eu ouvirei, com muita atenção as explicações do nobre Líder do PDT, a
respeito deste equívoco realizado pelo Prefeito Alceu Collares, ao mandar este
Projeto aqui e tentar passá-lo, com o parecer favorável de V. Exa.
O Sr. Cleom Guatimozim: Ouça V. Exa. as explicações
do Sr. Ex-Secretário do Planejamento, Ver. Brochado da Rocha.
O SR. FLÁVIO COULON: Ouvirei com muita atenção,
pois falará em nome da Bancada do PDT, aliás, Presidente da Casa, a quem cabe a
responsabilidade de saber se esse Projeto pode ser apreciado numa Sessão
Representativa, ou se precisa a Câmara inteira se reunir. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Frederico
Barbosa): Com
a palavra o Ver. Brochado da Rocha, em Tempo de Presidente.
O SR. BROCHADO DA ROCHA: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, primeiro eu gostaria de elogiar o interesse do Ver. Flávio Coulon
pelo tal Pedido de Autorização. Vou, inicialmente, escoimar algumas colocações
de S. Exa., pois elas pecam pela base; elas não consubstanciam a verdade, e
acho que S. Exa. – cada vez mais sou obrigado a dizer desta tribuna –
deveria-se informar mais, junto a sua própria grei partidária. Vou repetir, S.
Exa. deveria se informar mais dos
assuntos, junto a sua grei partidária. Este encaminhamento tem uma inspiração,
ou uma expiração, oriunda de suas hostes. Procure a lista dos Deputados
Federais e V. Exa. encontrará. Eu apenas estou recompondo uma parte da verdade.
(Aparte anti-regimental.)
V. Exa. se torna uma pessoa com a qual não há possibilidade de diálogo.
Eu estou aqui a encaminhar um assunto onde deve haver diálogo e é exatamente o
que estou propondo. Acho que não se trata de legalidade do assunto, até porque
o Ver. Werner Becker veio a me perguntar se eu conhecia uma norma legal que
falava, em direito real, sobre concessão de uso. Eu, pessoalmente, não conheço.
Terei que vir a conhecer.
O Sr. Werner Becker: V. Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Fui ver os apontamento do Ver. Artur Zanella e não se
fala em concessão, fala-se em cessão de uso e é este estudo jurídico que eu
queria que V. Exa. me explicitasse se conhece, porque eu não conheço.
O SR. BROCHADO DO ROCHA: Acho que teremos que nos
aprofundar um pouco mais no assunto, tendo em vista que trata-se – e a isto é
que o Ver. Flávio Coulon deve estar atento – de um empréstimo concedido a esta
firma. Que bens ela oferece ao emprestador, que é de um órgão do Governo
Federal? Não o conheço, Ver. Werner Becker, e, aí, V. Exa., sem querer, pode
até ter razões.
O Sr. Werner Becker: O problema é o seguinte: ou
se trata de um direito real e, portanto, não poderíamos, numa oneração de
direito real, aprovar, durante Sessão Extraordinária, ou é meramente
obrigacional. E, se é obrigacional, qual é o resguardo do Município? Isto é
extremamente importante.
O SR. BROCHADO DA ROCHA: Acho que o Processo no todo
é muito importante. Não tive a honra de ler o parecer do Ver. Cleom Guatimozim.
Ao mesmo tempo me foi entregue um Processo. Não sei se todo o processo que veio
para a Câmara é este, ou existem algumas coisas a mais, mas é um assunto
altamente discutível, polêmico, porque o original até previa a construção de um
hotel para os artistas, em que pese, deve estar testemunhado nos autos do processo,
se é que veio tudo, o fato de que, na época, as associações interessadas em
arte, em Porto Alegre, votaram favoravelmente. Agora, só quero informar um
detalhe, Ver. Flávio Coulon, sinceramente, não sei o que o Prefeito pensa sobre
este assunto, agora, duas coisas posso dizer a V. Exa.: uma, S. Exa pretendia
aditar, e não sei quais lideranças estariam presentes na Convocação
Extraordinária, a matéria; na ocasião, este Vereador disse a S. Exa. que o
assunto era muito complexo e que envolveria dificuldades no exame, dentro de
uma Sessão Extraordinária, por isso mesmo foi retirado da Sessão
Extraordinária; acho que antes de examinarmos estas legalidades, estas
propostas pelo Ver. Werner Becker, uma das coisas que temos que admitir, com
toda a tranqüilidade, o Ver. Zanella fazia uma colocação que seria pelas
imediações, próximas, realmente, na época, seria pelas imediações aqui
próximas, mas, Ver. Guatimozim, se for nas imediações, e for mantido o projeto
original, quero dizer que simplesmente vai ficar irrespirável dentro da Câmara,
porque a volumetria disso, se for considerado o Projeto no todo original, que é
feito por um arquiteto, não lembro o nome, é muito bonito o projeto, mas eu
diria que iria simplesmente destruir o entorno da área da Câmara Municipal de
Porto Alegre: toda área aqui. Porque este prédio, com esta volumetria, que eu
não recordo exatamente os números, ele é realmente muito volumoso e feito
também, Ver. Cleom Guatimozim, de uma forma, de um tipo de concepção
arquitetônica que é absolutamente conflitante com o entorno, sobretudo, com a
Câmara Municipal.
O Sr. Werner Becker: V. Exa. Permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Veja V. Exa. que não foi por acaso este pedido de
concessão de uso, embora o projeto fale em cessão de uso. Veja que tem um
Parecer da Assessoria Jurídica da Secretaria Municipal de Educação e Cultura,
perdão, da Procuradoria Geral do Município, com o “de acordo” com a Secretária
Neusa Canabarro que diz o seguinte: “Sugerimos devolver à origem – é quando se
tratava do projeto, acho muito importante este esclarecimento – para apreciação
e retorno da nova minuta, observando-se que o instituto do comodato –
inicialmente o anteprojeto tinha sido montado como comodato – deve ser
substituído pela concessão de uso”. E o projeto trocou concessão de uso pela
figura estranha – que eu não conhecia e agora tem mais motivo para não
conhecer, porque ninguém conhece na Assessoria Jurídica do Governo Municipal -
de cessão de uso. Sem fazer blague, eu queria dizer mais ou menos que se trocou
“soviéticos do Kremlin por sorvete de creme”. Veja que é extremamente
importante a nominação do instituto, principalmente tratando-se de concessão de
uso, que é um direito real. Então, estranha-se a complexidade para a
tramitação, mas, queria fazer uma anterioridade ainda. Confrontar este projeto
com o projeto Praia do Guaíba que tramita nesta Casa, então seria de esclarecer
ao Sr. Prefeito que a aprovação deste convênio significa que ele está retirando
o Projeto do Rio Guaíba, porque não me parece razoável que o Prefeito, ou algum
Vereador, e até parece que o Regimento Interno proíbe, vir 2 projetos
alternativos.
O SR. BROCHADO DA ROCHA: Eu admito, mas não gostaria
de, na tribuna, ter que incorrer em algum erro jurídico muito flagrante, mas eu
acho que o Processo, em si, tem problemas reais, na órbita jurídica. Mas eu
ainda insisto que o maior problema deste Projeto não é de ordem jurídica, é
que, se ele fosse instaurado, nós teríamos problemas muito sérios de um lado,
e, de outro lado, nós também teríamos, face ao andamento de quem receberia essa
permissão de uso, se é que seria legal, ou a viabilidade do assunto.
O Sr. Cleom Guatimozim: V. Exa permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Para mim, pareceu um comodato. A verdade é que a
dúvida que me assaltou neste momento é a seguinte: embora os interessados já
disponham, inclusive, de verbas do MEC para a construção do teatro, parece que
até com intenções de lançar a pedra fundamental urgente, o Ver. Flávio Coulon,
na sua forma agressiva que ele caracteriza na tribuna, parece que bateu numa
tecla que me deixou em dúvida, que é, exatamente, a da licitação. Esta citação
que fez o Ver. Coulon, sobre licitação, me deixou uma dúvida a respeito do
Projeto.
O SR. BROCHADO DA ROCHA: Me surpreende o que V. Exa está
dizendo e eu digo e repito: não tive o prazer de ler o seu relatório, mas me
surpreende que V. Exa esteja a mencionar o MEC. Não era o MEC. Quero deixar bem
claro. Era uma outra instituição.
O Sr. Flávio Coulon: V. Exa permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Em primeiro lugar, gostaria de cumprimentar pela
brilhante defesa que fez do Executivo, mas eu fiquei sem saber se V. Exa. está
contra ou a favor.
O SR. BROCHADO DA ROCHA: Posso assegurar a V. Exa.,
que não está querendo ouvir. É lamentável. Mas quero dizer a V. Exa. que se eu
afirmei que, se naqueles autos estiver colocado o Projeto Original que eu
conheço, serei rigorosamente contrário. É a mesma coisa que botar um elefante
nesta sala.
O Sr. Flávio Coulon: V. Exa., que é homem do
Planejamento, já foi Secretário do Planejamento, sabe muito bem que este tipo
de coisa se faz da seguinte maneira: existe a necessidade de um teatro
municipal? Existe. Então, se procura um local para este teatro. Achado este
local, se faz um plano para ele e se abre um concurso ou se faz uma licitação
para ver quem apresenta a melhor solução. Mas não dessa maneira como o Prefeito
está fazendo aí. O Prefeito está com uma verdadeira paixão pelo teatro, tanto
que queria que o Projeto fosse incluído na Convocação Extraordinária e agora
tenta passar pela Representativa como se nós não fôssemos saber que este
assunto não é matéria para ser discutida em uma Sessão de Recesso.
O SR. BROCHADO DA ROCHA: Sr. Vereador, eu não conheço
esta paixão que V. Exa. está dizendo, aliás, se tiver, é um direito de cada um
ter as suas paixões, mas eu não a tenho, não tenho por nenhuma razão. O que eu
acho, Ver. Flávio Coulon, e isso V. Exa. deve anotar muito claramente, é que o
Governo Federal discrimina o Rio Grande do Sul e quando chega algum dinheiro
para alguma obra, mesmo que ela seja essa coisa aí, o administrador quer
estadual ou quer municipal dos duzentos e tantos municípios do Rio Grande do
Sul fica sensibilizado porque o Rio Grande do Sul é tratado a pão e água. O Rio
Grande do Sul não nomeia Ministro do Planejamento como está sendo dito hoje
pelas rádios e é aí que eu gostaria que o Ver. Flávio Coulon fosse atento. Nós
não indicamos o Ministro do Planejamento, mas Minas Gerias indica. Então, a
algum dinheiro que chega aqui, se quer dar uso, e na verdade quem trouxe este
dinheiro foi esta firma, a Prefeitura de Porto Alegre não teve nenhuma
ingerência sobre isso. Esse Projeto aterrissou no Executivo sem nenhuma
consulta prévia, sem coisa nenhuma. Aterrissou lá. Chegou e disseram: olha, o
Projeto é este e o local é este.
(Aparte anti-regimental do Ver. Flávio Coulon.)
Mas eu não estou querendo, Vereador, trazer argumentos para ninguém. Eu
estou querendo é trazer argumentos para Câmara Municipal de Porto Alegre que é
quem tem que votar o assunto. V. Exa. é que está sendo um egocêntrico. Eu não
traria para V. Exa., eu traria para a Casa.
O SR. CLÓVIS BRUM (Questão
de Ordem): Sr.
Presidente, eu estou perplexo. E data
venia confirma o Ver. Cleom Guatimozim que ele também. Aliás, não poderia
ser por menos que o Ver. Cleom Guatimozim também estivesse perplexo, Vereador
há 23 anos nesta Casa, sabendo, tenho certeza que ele não leu, que está-se
alienando áreas da Prefeitura a qualquer título, não interessa o título, em
plena Comissão Representativa. É muito grave isto, gravíssimo, e eu pediria à
Mesa que descesse este Projeto em diligência, inicialmente ao Auditor da Casa,
depois à Comissão de Justiça. Está-se cometendo um arbítrio, uma violência
durante o recesso da Câmara. É muito grave. Esta questão de ordem, Sr.
Presidente, é no sentido que se dê audiência a este Projeto, inicialmente ao
Auditor da Casa e à Comissão de Justiça da Casa, porque não pode Comissão
Representativa alienar direitos, o que decorre de Projeto de Lei, mascarado como
Pedido de Autorização. Isto aqui é Projeto de Lei. Pela primeira vez na vida eu
vejo um Pedido de Autorização durante a Comissão Representativa, alienando
direitos do povo, principalmente em áreas que devem ser anteriormente
desafetadas para depois serem utilizadas para outro fim.
O SR. BROCHADO DA ROCHA
(Questão de Ordem): Sr. Presidente, a Câmara pode, votar, não votar, pode ouvir o Auditor,
mas não pode, em Comissão Representativa, ouvir a CJR, pelo qual encaminha a V.
Exa a inépcia do pedido formulado pelo Ver. Clóvis Brum, por inteiro.
O SR. CLÓVIS BRUM: Com referência à Comissão de
Justiça, sim. Agora, não pode sinceramente a Casa alienar direitos imobiliários
do patrimônio municipal durante o recesso.
O SR. PRESIDENTE (Frederico
Barbosa): Esta
Presidência informa ao Ver. Clóvis Brum e demais, pois certamente o Ver. Clóvis
Brum por ter chegado agora não sabe, o Ver. Brochado da Rocha está falando em
Tempo de Presidência exatamente sobre o problema que foi levantado pelos
Vereadores Flávio Coulon e Artur Zanella. Só pediria que as Questões de Ordem
levantadas sejam respondidas pelo próprio Presidente que ora analisa o fato e
que, certamente, poderá, no final de seu pronunciamento, cujo tempo já está
esgotado, dar o encaminhamento e endereçamento que dará ao Processo que,
diga-se de passagem, entrará em votação amanhã.
O SR. CLÓVIS BRUM: Nada que prejudique as
manifestações dos Vereadores anteriores, nada que prejudique o meu direito
legítimo e claro de postular, de me manifestar ou de achar certo ou errado. Eu
estou achando que a Mesa está rigorosamente equivocada ao submeter à votação,
digo, à discussão uma matéria que não cabe durante a Representativa.
O SR. PRESIDENTE: Certamente V. Exa. ouviu meu
pronunciamento no sentido que o Sr. Presidente está explicando o problema, na
tribuna, e dará uma solução como Presidente da Casa que está no exercício das
suas funções.
O SR. FLÁVIO COULON: Só para esclarecer ao Ver.
Clóvis Brum: é que exatamente foi colocado na tribuna, há pouco, que ontem, à
tarde, solicitei à Assessoria Técnica Legislativa que desse um Parecer
exatamente em relação à preocupação do Ver. Clóvis Brum, ou seja, se a matéria
pode ou não pode ser votada durante o recesso.
O Sr. Artur Zanella: V. Exa permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Em primeiro lugar, agora que eu consegui ler o
Projeto, elogiar o Presidente da Casa que, neste momento, está na tribuna. S.
Exa, como Secretário de Planejamento Municipal, realizou reuniões sobre o
assunto, em que todos colocaram suas posições de uma forma mais democrática
possível. Segundo lugar, eu queria aqui dizer, claro e em bom som, que me foi
informado por pessoas da SMEC, que falam pela SMEC, que o Processo havia sido
aprovado, na época do Sr. Roberto Pimentel. O Sr. Roberto Pimentel diz o seguinte:
“Nada temos a opor em relação à proposta de uma nova casa de espetáculos.
Sugerimos, no entanto, que a Administração seja conjunta, e que haja
participação do Poder Público, e a política cultural seja gerida pelos órgãos
competentes”.
Então, a aprovação que aparece aqui, na verdade, é uma aprovação de um
teatro, e aparece, isso sim, a Sra. Neusa Canabarro dizendo que é do interesse
da Secretaria o protocolo de intenção. E mais ainda, Sr. Presidente, fala-se no
Processo, primeiro, Engenheiro do MEC; segundo, fala-se em engenheiro da Caixa
Econômica, que é impossível de ocorrer neste caso, porque tem que ter uma
garantia real do terreno. Mas no protocolo se fala que o dinheiro vai ser
buscado dentro da Lei Sarney, que aí já é Ministério da Cultura.
Então, eu acho que a minha proposição, que vai ser apresentada
oficialmente amanhã, de devolver o Projeto ao Executivo para reestudo completo
do processo é a mais prática possível, pois esta Casa não deve votar o Projeto
nesta época de recesso.
Então, amanhã, todos que são contra ou a favor, têm a oportunidade de
devolver o calhamaço todo, inclusive para acertar alguma coisa.
O SR. BROCHADO DA ROCHA: Sr. Presidente, gostaria,
para concluir, de deixar as seguintes questões ao debate: 1º - Não posso julgar
hoje se é direito real ou de obrigação. Não tenho condições para isso, isso
envolve empréstimos, e deve haver uma garantia real em cima disso, ou então a
firma não teria condições de oferecer uma garantia. 2º - Tenho grandes
problemas com o entorno, acho que a obra realizada, até com hotel, até poderia
ser em outro local da Cidade. E em terceiro lugar, tenho muitas dúvidas se a
firma proponente teria condições de levar avante este tipo de atividade que ela
se propõe, nessas dimensões. São as três questões básicas que eu acho que, por
tudo isso, salvo se houver...
O Sr. Werner Becker: V. Exa permite um aparte?
(Assentimento do orador.) V. Exa. não acha que, por tudo o que se falou, pelas
perplexidades que se apresentaram, que ao menos seria de prudência que V. Exa.
anunciasse a retirada, amanhã, da Ordem do Dia, sem nenhum outro compromisso?
O SR. BROCHADO DA ROCHA: Eu acho, Sr. Vereador, que
V. Exa, como colega, tem direito; pelo menos deve me dar a oportunidade de
realmente ler o Processo.
O Sr. Werner Becker: Concordo. Por isto eu disse
e pediria a recíproca: que nós também tivéssemos a oportunidade de ler.
Portanto, como medida cautelar, prudencial, só retirar amanhã. Pode voltar na
quarta-feira.
O SR. BROCHADO DA ROCHA: Se V. Exa me disser se eu
tenho condição jurídica de examinar isto agora, eu diria que não, agora, em
dúvida eu diria...
O Sr. Werner Becker: Veja a distinção que eu
estou fazendo, não estou pedindo que V. Exa. se manifeste contra ou a favor,
mas eu faço, apenas, a ponderação que V. Exa. retire o Projeto da votação de
amanhã, sem nenhum outro compromisso, para que possamos refletir com mais
tranqüilidade.
O SR. BROCHADO DA ROCHA: Eu acredito, Sr. Werner
Becker, que ele, naturalmente, sairá de pauta amanhã. Seguramente. Se depender
deste Vereador e do Presidente da Casa ele sairá de Pauta. Eu acho que tem
questões terríveis.
O Sr. Clóvis Brum: V. Exa permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Nobre Ver. Brochado da Rocha, V. Exa. me dá a
oportunidade de mais uma vez registrar nos Anais da Casa o grande apreço e o
grande respeito que tenho por V. Exa, como político, como advogado e como homem
público. Realmente, ao se manifestar o Presidente da Casa dizendo que mandará
retirar o Projeto da pauta, significa que o Presidente da Casa, mesmo sendo
Vereador do Partido do Prefeito é um magistrado da Casa. É um exemplo da Casa;
é o representante do Poder Legislativo, queiram ou não queiram algumas pequena
facções.
Mas, de qualquer maneira, Ver. Brochado da Rocha, comprimento V. Exa. e
acho que V. Exa. está preservando não só as atividades da Representativa, como
também a atividade do Plenário normal da Casa. Meus cumprimentos a V. Exa.
O SR. BROCHADO DA ROCHA: Agradeço a V. Exa., mas
acredito, sobretudo, que V. Exa é magnânimo comigo, mas se qualquer um dos Srs.
Vereadores olhar a maquete disso aí, eu acho que faria a mesma coisa, e não
passa, rigorosamente, por ser ou não ser de um Partido A, B, C ou D. Eu acho
que isso aí é um problema para a Cidade, que poderá – e aí é que eu fico mais
preocupado – se transformar num elefante branco. Este é o maior perigo que eu
acho que corre, porque não diz para quem fica isso aí. V. Exa, poderá ver que
não diz, se a firma desistir, se alguém desistir, com quem é que fica isso. E
este eu considero o ponto mais difícil: se a obra ficar inacabada ou se,
acabada, a obra não funcionar. Se os titulares abandonarem isso, com quem é que
fica isso, esse elefante branco, pois tem até hotel? Isto eu não sei. Muito
obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O próximo orador inscrito é
o Ver. Cleom Guatimozim, que inverte seu tempo com o Ver. Jorge Goularte.
O SR. JORGE GOULARTE: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, esse assunto me parece que já está muito debatido, e acho que a
sugestão do Ver. Werner Becker é plenamente endossada por todos nós, que,
preliminarmente, se retire esse Processo de pauta, e que depois, na próxima
semana, se saiba o que fazer com ele. Me somo a essa sugestão.
Mas, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, quero-me referir, nesta manhã, à
celeuma que está hoje ocorrendo no Rio Grande e, especialmente, em São Paulo e
Rio de Janeiro, sobre a carne de Chernobyl. Parece-me que estão dando um
enfoque muito grande sobre a proibição de venda desta carne nos açougues e
supermercados, e esquecem algo fundamental que é a possibilidade de os
frigoríficos estarem embutindo esta carne em salames, salamitos e lingüiças, e
também em enlatados de carne. Eu pergunto, se esta carne chegou aqui em tantas
toneladas, e hoje nós temos a metade, quem adquiriu esta carne? Aliás, o Ver.
Comin colocou-me muito bem esta posição: Quais as distribuidoras, quais os
frigoríficos que adquiriram esta carne, que número de toneladas chegou em Porto
Alegre e que número ainda está aqui? Parece-me que é extremamente cômodo
dizer-se que não se venda no Rio Grande, ponha-se à venda no Rio e em São
Paulo. Acho isto uma verdadeira estupidez. O que me parece mais lógico é
verificar se esta carne não está sendo usada com outras finalidades que não se
pode verificar, especialmente em embutidos e enlatados. E, aí, tem a tarja
onde? Acho que esta colocação é de extrema relevância, modéstia à parte, me
parece que é muito grave o que está ocorrendo no Rio Grande do Sul, as pessoas
não estão se dando conta disto. Agora, está se manifestando a Comissão de
Energia Nuclear, dizendo que vai examinar, o que já tinha que ter sido feito há
muito tempo, para se saber o grau de radioatividade que contém esta carne. E eu
pergunto: e os embutidos, e os enlatados, e os frigoríficos, as casas de carne,
os distribuidores não estarão usando esta famigerada carne, que, por ter este problema, deve ser muito mais
barata, para ser utilizada em embutidos ou enlatados? E a população toda está
comendo esta carne indiretamente! Então, é uma cortina de fumaça. Não se pode vender
nos açougues e supermercados, mas enlatados e embutidos podem. E se sabe que a
fermentação e os ingredientes que se colocam, os conservantes, ainda poderão
piorar muito mais a situação.
Nesta manhã, eu tento passar aos meus pares a preocupação que tenho
neste sentido. É louvável o Prefeito dizer que não quer que a carne seja
vendida em açougues, supermercados, etc. É meio extemporâneo, porque até já foi
decidido que não será vendida, mas aproveitou politicamente e tudo bem. Mas os
embutidos e os enlatados?
O Sr. Nilton Comin: V. Exa. permite?
(Assentimento do orador.) Nobre Vereador, quero me congratular com V. Exa. pelo
tipo de pronunciamento que V. Exa. faz, pois todo este País, os Governos, desde
que me conheço por pessoa, que atingi a maioridade, todos os Governos têm por
metas educação, saúde, transporte. Agora, na verdade, nunca se deu tão pouco
valor à vida de um a pessoa, como se dá atualmente. Eu provo: nós não temos um
laboratório de qualidade para a saúde pública de qualquer brasileiro, aqui se
consome tudo que não poderia ser consumido. A Prefeitura não tem. O Governo do
Estado não tem, o Governo da União não tem, e sabe por quê? Porque se tivesse,
qualquer cidadão comum podia, ele mesmo, fazer a sua análise; no RS, 90% do
sangue do gaúcho é contaminado, e é uma situação calamitosa, e isso de há
muitos anos; me congratulo porque V. Exa. está fazendo um pronunciamento da
maior importância para a saúde pública, e acho que V. Exa. está no caminho
certo, é através dos embutidos que esta carne está sendo consumida.
O Sr. Luiz Braz: V. Exa. Permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Nobre Vereador, V. Exa. faz um pronunciamento muito
oportuno, mas somar alguma coisa no pronunciamento de V. Exa., dizendo que o
responsável por tudo isso foi o Presidente do Tribunal Federal de Recursos, Dr.
Evandro Gueiros Leite, este cidadão foi o responsável, porque ele permitiu que
essa carne fosse comercializada, e me lembro que quando ele deu a permissão,
quando ele cassou a liminar que proibia a venda da carne, ainda dizia, pois
ocupava o microfone da Rádio Bandeirantes, que ele estava sendo o responsável
pelo envenenamento de todo o povo Brasileiro através do consumo da carne;
agora, o que o prefeito Collares está fazendo, no momento, realmente é uma
espécie de tentativa de fazer alguma coisa, tentando colocar uma cortina de
fumaça para encobrir um grande desastre com toda a população nacional, porque
tanto a população do Rio Grande do Sul como dos outros Estados que vão consumir
diretamente esse produto está realmente correndo um sério perigo.
O SR. JORGE GOULARTE: Veja, Vereador, há pouco
tempo, e isso em muitas oportunidades se soube que a fiscalização federal
pegava um pobre de um cidadão que matava um animal e que queria usar esta carne
e se soube também a respeito de uma festa em Santa Catarina, uma festa
religiosa, onde abateram dois animais e chegou a fiscalização e colocou
creolina em cima e queimou aquela carne daquela gente que eles mesmo haviam
matado os animais e que eram responsáveis pela sua utilização. Agora, eu
pergunto: nesta oportunidade, não? Onde está a fiscalização? E por que o
Governo não devolve esta carne a quem a vendeu? Eu pergunto: se fôssemos nós,
os gaúchos, aqui, no Brasil, especialmente os gaúchos, que vendêssemos esta
carne contaminada - façamos um exemplo -, que fosse próximo a Goiânia e que
fosse acusado este matadouro, que a carne estivesse contaminada? Eu pergunto se
os Governos de outros países não devolveriam esta carne a nós. Mas é claro que
sim! Eu pergunto por que o Brasil não faz isso? Por que tem agora Rio de
Janeiro, São Paulo ou seja que Estado for consumir de maneira clara esta carne
na compra direta entre açougue e supermercado? Por que embutidos? Até faço uma
solicitação: que seja esclarecido qual é o número de compradores desta carne;
quais as empresas; e onde estão as notas destas vendas. Que quantidade foi
vendida? E qual o destino desta carne? Porque eu pergunto: se não tem mais
aquele número que chegou, onde estão as toneladas consumidas e de que maneira
foram consumidas?
O Sr. Brochado da Rocha: V. Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Vereador, três questões. Primeiro acho que o Sr. Ver.
Luiz Braz pegou pelo final, acho que o assunto se encaminha de outra forma:
primeiro, quem importou? Acho que começa por aí: primeiro, quem importou este
carne? V. Exa. vai comprar carne e V. Exa. não conhece carne, leva um técnico.
Acho que o Governo procedeu irresponsavelmente e acho que deve haver punições.
Esta é a primeira questão. Data venia,
peço desculpas ao Sr. Vereador, mas acho ruim levar a culpa para o Poder
Judiciário, que é o terminal, quando todo mundo errou. Acho que até houve uma
certa maldade.
Em segundo lugar, Vereador, eu nunca entendi este assunto claramente de
contaminações e não contaminações. Quero lembrar V. Exa. do negócio aquele do
porco, contaminando o porco brasileiro. Até hoje não se sabe se é uma manobra.
E acho que foi errada esta importação, mas estou vendo as autoridades darem
laudos muito capciosos. Também quero dizer que há, claramente, parecido,
entendível um certo lobby de alguns querendo ver esta carne mandada embora para
comercializar a sua. E o governo, nesta matéria, através dos anos, desde o
Brasil-Colônia, é de uma inépcia absoluta e total. Esse negócio de fazendeiro
foi, sempre, um negócio muito nebuloso. Gostaria de ver não só o exame desse
negócio aí, claramente, mas também gostaria de ver o exame de alguns animais
abatidos. Acho que estamos sendo sacrificados violentamente, pela absoluta
incompetência dos governos, desde o Brasil Colônia, por inépcia e
incompetência, sempre.
O Sr. Luiz Braz: V. Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Concordo com o Ver. Brochado da Rocha que o primeiro
erro foi de quem importou a carne. Foi do Governo Brasileiro. Agora, houve uma
falha crucial do Judiciário, porque, afinal, tudo estava nas mãos de um
Ministro, Presidente do Tribunal Federal de Recursos, e, de repente, este
cidadão houve por bem colocar toda a população brasileira em perigo, fazendo
com que esta carne tivesse a oportunidade de ser comercializada em todo o
Brasil. Perguntamos, na época, se a população brasileira sabia dos perigos da
radioatividade. Será que ela tem cultura suficiente para saber desses perigos?
Será que um simples rótulo vai evitar que alguém compre 1 quilo ou 2 quilos
desta carne que vai ser colocada no mercado por um preço mais baixo? Então,
realmente, o que fez este Presidente do Tribunal Federal de Recursos foi um
crime contra a população brasileira.
O SR. JORGE GOULARTE: Mas eu gostaria de dizer,
Sr. Presidente e Srs. Vereadores, o que mais me ocorre no momento é esta
cortina de fumaça contra a venda direta e a falta de fiscalização e controle na
indireta, que são os embutidos, que são os enlatados. Eu enfatizo para
encerrar: é importante que seja distribuída à população a relação dos
importadores e compradores aqui no Rio Grande do Sul e a destinação dada a esta
carne, se chegaram “x” toneladas e hoje nós temos “x’ menos “y”, aonde foram
estas toneladas? Como foram gastas? E aí vai se chegar à conclusão de que elas
foram usadas e embutidas em enlatados e a população deve estar consumindo esta
verdadeira estupidez, essa aberração de se importar carne quando no Rio Grande
do Sul tem tanta carne e em outros estados também, mas se importa carne porque
eles querem forçar a baixar o preço. Há falta do Governo em conhecer essa
situação, em deixar que o próprio mercado regule a compra e a venda de carne e
agora se chega a essa situação! Me parece que o Prefeito de Porto Alegre salvou
a Pátria, mas não é assim. Não é nada disso. Nós temos que saber o destino
desta carne, a quantidade, o que foi consumido e de que maneira foi consumida
esta carne. Isto sim. Isto é que é importante. Eu sei que o modesto Vereador
aqui de Porto Alegre não vai ter repercussão. Tudo bem, mas os Anais saberão.
Aí ficará que alguém se apercebeu que não é na venda direta que está sendo
colocada esta cortina de fumaça, o impedimento para que ela seja usada
indiretamente em enlatados e em embutidos, por isso que a população deve ser informada
e ficar atenta a estas manobras que visam, simplesmente, de maneira criminosa,
comprometer a saúde da população de Porto Alegre, do Rio Grande do Sul e do
Brasil. Sou grato.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Próximo orador é o Ver. Flávio
Coulon.
O SR. FLÁVIO COULON: Sr. Presidente, Srs.
Vereadores, protocolei ontem junto ao Tribunal de Contas do Estado do Rio
Grande do Sul a seguinte correspondência. (Lê.)
“Tenho a honra de dirigir-me a Vossa Excelência para encaminhar a essa Colenda Corte de Contas a Consulta anexa, instruída com documentos pertinentes, que versa sobre a Carta-Contrato celebrada entre o Sr. Prefeito Municipal e a firma AUA - Arquitetos e Urbanistas Associados Ltda. para a elaboração do chamado Projeto Praia do Guaíba.
Esclareço a Vossa Excelência que este Vereador, tendo fundadas dúvidas
quanto a legalidade do Contrato, e da respectiva despesa que o expediente
ensejou, conforme está plenamente exposto na Consulta, pretende obter
impugnação do ato para fundamentar proposição ao Plenário deste Legislativo na
sustação da execução do mesmo, sem prejuízo das demais medidas que a lei
autoriza nas responsabilidades de negativa de vigência de lei federal na sua
celebração, e na realização das despesas.
Colho o ensejo para renovar a Vossa Excelência os meus protestos de
estima e distinta consideração.
‘Exame da legalidade da Carta-Contrato celebrada entre o Prefeito
Municipal de Porto Alegre e a empresa AUA - Arquitetos e Urbanistas Associados
Ltda. para a elaboração de estudos de viabilidade urbanística/arquitetônica
para a recuperação da orla do Guaíba (Projeto Praia do Guaíba).’
A liderança da bancada do
Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB), com assento na Câmara
Municipal de Porto Alegre, tem fundadas dúvidas quanto à legalidade da despesa
realizada pelo Sr. Alceu Collares, às expensas do Tesouro Municipal, em
cumprimento ao Contrato que Sua Excelência celebrou com a empresa administrada
pelo Arquiteto JORGE DECKEN DEBIAGI, para a elaboração dos estudos que estão
enfeixados na proposição denominada ‘PROJETO PRAIA DO GUAÍBA’ - tudo conforme
consta do Processo n.º 1.013950.87.8.000, exercício 1987, do Protocolo Geral da
Prefeitura Municipal de Porto alegre, cuja cópia segue inclusa (documento n.º
01).
São os seguintes os fundamentos da presente Consulta:
1. Licitação
O Sr. Prefeito não procedeu à licitação para a celebração do Contrato,
fundando-se no permissivo legal de ‘notória especialização’, interpretação que
não encontra fundamento nem nos dispositivos da lei que regula a matéria, nem
na doutrina, nem na jurisprudência, conforme exaustivo comparecer da
Procuradoria Geral do estado, cuja cópia segue inclusa (documento n.º 02);
2. Autorização Legislativa
O Contrato sob exame foi celebrado pelo Sr. Prefeito Municipal sem
autorização da Câmara Municipal em flagrante desprezo, com absoluta falta de
apreço a dispositivos da Lei Orgânica do Município, especialmente do seu art.
32, V, que impõe, como de exclusiva competência deste Legislativo ‘autorizar
convênios e contratos do interesse municipal’;
3. Possibilidade do objeto
O chamado Projeto Praia do Guaíba, objeto do Contrato sob exame, tem
conteúdo de duvidosa possibilidade jurídica, haja vista que a área a ser
urbanizada, que vai da Ponta da Cadeia à Ponta do Mello se constituí de aterros
cujo domínio se divide entre o Município, o Estado e a União (DNOS), conforme
consta do incluso documento, que é parte de um acordo de distribuição das áreas
aterradas (documento n.º 03).
A indispensável anuência dos demais parceiros no domínio da área em que
o Sr. Prefeito pretende desenvolver o seu Projeto também é duvidosa, conforme o
ofício n.º GS/1582/87 do Sr. Secretário do Interior (documento n.º 04), e de
parte de dois expedientes daquela Secretaria (documentos n°s. 05 e 06);
4. A empresa contratada
Para uma melhor análise dos fundamentos de dispensa de licitação para o
contrato com a empresa AUA - Arquitetos e Urbanistas Associados Ltda., segue
inclusa uma cópia de seu Contrato Social (documento n.º 07);
5.
Impugnação ao contrato
O exame da legalidade do contrato, e da despesa que o Sr. Prefeito
pretende fundamentar por seus termos, objetiva mobilizar essa Corte de Contas
para o exercício de sua competência, solicitando a esta Câmara Municipal que
delibere sobre a sustação do contrato, se a decisão for por sua impugnação por
esse Tribunal - aplicando-se, quanto a esta providência, os princípios
constituídos em nossa Lei Magna (art.72, §6º) e na Constituição do Estado
(art.53,§2º).
Câmara Municipal, 12 de janeiro de 1988.”
Para que os doutos desta Casa não pensem em levantar suas ironias a
respeito da cultura jurídica deste Geólogo-Vereador, na vã tentativa de
desmoralização de sua argumentação, vou informando que estou embasado em
parecer requerido pela presidência desta Casa à Procuradoria Geral do Estado do
Rio Grande do Sul e que nos chega assinado pela Procuradora Doutora Ana Maria
Landell de Moura e referendado pelo Doutor Manoel André da Rocha.
Desse parecer selecionei alguns trechos altamente elucidativos.
“O que não se pode entender é como o Executivo de Porto Alegre possa
ter atribuído no universo amplo de funções diversificadas e técnicas que não
podem ser consideradas como de notória especialização de uma empresa de
arquitetura e urbanismo, tais como coordenar e escolher equipes especializadas
em estudo econômico, jurídico e mercadológico, todos relativos à recuperação da
orla do Guaíba, sem observância do princípio da licitação e justificando ainda,
nesse particular, a adoção do procedimento excepcional previsto no artigo 12,
§§ 1º e 2º.”
Mais adiante diz a Dr. Ana: “A atividade urbanística é orientada por
normas urbanísticas que, por serem direito público, são compulsórias e
cogentes. E são de direito público, porque regulam essa função pública
essencial ao ordenamento do espaço habitável e delineador da conduta e da
propriedade dos particulares e dos administrados. Por isso se torna difícil
como no Executivo do Município de Porto Alegre se possa ter, nesse ato,
abdicado da execução e coordenação de atividade que dizem com sua competência
específica, dessa área, sem qualquer processamento licitatório, e com total
ausência de regras de fiscalização e supervisão das citadas funções ínsitas à
atividade urbanística de pessoa jurídica de direito público.
Outro ponto que cumpre destacar na análise dessa Carta-Contrato é o que
se refere à interpretação da Cláusula quarta do citado instrumento ocupacional
e que assegura à contratada os direitos autorais pertinente ao desenvolvimento
dos projetos de urbanismo, arquitetura e paisagismo, e à coordenação de todos
os demais projetos complementares necessários à execução das obras, bem como a
coordenação de equipe especializada no estabelecimento de plano jurídico,
econômico e mercadológico, sendo o custo deste trabalho faturado diretamente
contra as empresas interessadas na implantação dessas mesmas obras, de acordo
com as tabelas de ressarcimento profissional das respectivas áreas de
atividades, sempre, em qualquer situação, sem ônus para o Município.
Causa estranheza a edição da cláusula, uma vez que o artigo 77, do
Decreto Lei n.º 2300/87, suporte legal do ajuste expressamente determina que a
administração somente pagará ou premiará projeto desde que o autor ceda os
direitos patrimoniais, cabendo à fiscalização e execução ao Poder Público,
facultando-se ao contratado ou prestador de serviços o acompanhamento de sua
execução.”
Mais adiante continua a Dra. Procuradora: “De outro lado, mais forte
ainda, fica ressaltado, face ao que já foi exposto e através da leitura dos
dispositivos legais citados e transcritos que orientaram a transação objeto da
referida Carta-Contrato, a impossibilidade jurídica da Administração Municipal,
Poder Executivo, de negar e ceder através de norma obrigacional a ser preenchida
pela contratada, direitos e deveres ínsitos ao poder Público, sem o devido
procedimento licitatório a órgão, empresa e profissional especialmente
habilitados para execução da atividade delegada ou concedida.
Outro ponto a destacar neste parecer e que servirá certamente de
subsídio para orientar o Legislativo de Porto Alegre na análise da
Carta-Contrato, é o disposto na cláusula 5ª do citado instrumento público e que
estabelece que a contratada devolverá ao Município a quantia recebida na medida
em que for percebendo de terceiros os valores reajustados. Isso sempre na
hipótese do estudo de viabilidade ser implantado no todo ou em parte por
quantia recebida, se depreende, conforme a cláusula 2ª do ajuste, o valor de
trezentos mil cruzados a serem pagos em parcelas mensais e consecutivas de
cinqüenta mil cruzados, reajustado segundo o valor da OTN, vencendo a primeira
parcela a partir da assinatura da Carta-Contrato o que se efetivou em 20 de
março de 1987. O que se observa dos autos é que este pagamento já foi
autorizado pela Administração em 24 de abril do corrente ano no valor de
cinqüenta e cinco mil, quinhentos e quarenta cruzados e trinta centavos,
parcela esta já corrigida pela OTN do mês, pagamento este, cuja integralidade
deveria ser no mês de setembro, neste mesmo exercício ser completada.
Não fica pois claro na Carta-Contrado nem como, nem quando as quantias recebidas pela contratada e o contratante serão devolvidas. O que transparece no documento é uma obrigação de restituir, quando os terceiros prestadores dos serviços citados na cláusula 4ª e livremente ajustada pela contratada, remunerarem a mesma pela coordenação e prestação de serviço. Não se fala no expediente em correção do valor sobre qualquer moeda flexível, ademais é imprópria para obrigação uma vez que os serviços que extrapolam a área de notória especialização da empresa não poderiam ser delegados sem o Processo licitatório competente pelo Município, deixando ainda pelo livre arbítrio da contratada esta faculdade. Resumindo, em relação ao estudo arquitetônico do Projeto Praia do Guaíba, poderemos aceitar até a dispensa de licitação, através do procedimento excepcional da notória especialização. Esse procedimento, entretanto, não poderia ser invocado legalmente para as demais funções diversificadas e técnicas, como desejaria o Executivo Municipal. O Executivo Municipal não poderá abdicar da execução e coordenação de atividades que dizem respeito a sua competência, sem licitação específica, e com total ausência de regras de fiscalização e supervisões das citadas funções. A Prefeitura não poderá abdicar, o que fez através da Cláusula 4ª, dos direitos patrimoniais advindos do Projeto, sem procedimento licitatório. A Prefeitura Municipal de Porto Alegre já pagou o Projeto, não ficando claro no contrato nem a forma de ressarcimento, nem a legalidade deste ressarcimento. Desde que tomamos conhecimento do teor deste contrato, estamos levantando dúvidas quanto a sua legalidade. Pregamos em vão. A ideologia do PDT se fundamenta na política do fato consumado, atropelando, se preciso, todas as normas da moral, da ética e do direito. Deixamos o assunto nas mãos do Egrégio Tribunal de Contas do Estado, que dirá se o nosso alerta era procedente ou não.”
O Sr. Brochado da Rocha: V. Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Eu gostaria de deixar registrado nos Anais que, em
primeiro lugar, a Presidência cometeu um erro, e vou pedir escusas ao meu
caríssimo amigo, Dr. Manoel André, por ter remetido para um órgão estadual,
afinal, a Consultoria-Geral do Estado não serve para isso. Acho que, de minha
parte, foi um ato falho, pelo apreço que tenho pelo Dr. Manoel André. Em
segundo lugar, quero dizer que, tendo em vista que V. Exa. citou nominalmente a
autora do parecer, eu já vou requerer a sua generosidade que me ofereça in totum o parecer, eis que,
historicamente, tenho uma diferença ideológica, cultural e jurídica com a
emitente do parecer, de vez que ela se perfilava lá pela revolução, e era uma
revolucionária de primeira linha, e raciocinava em cima de autores altamente
suspeitos dentro do Direito. Como fonte geradora do Direito, a autora achava
que a força era mais conseqüente. Aliás, ela endossava a tese do Dr. Néri da
Silveira, que foi Paraninfo de nossa turma, sustentando esta tese, cujo livro
posso passar às suas mãos, e, posteriormente a aluna foi nomeada por esse mesmo
senhor, Néri da Silveira. Por isto, ideologicamente, tudo o que disser e
afirmar, no campo jurídico, que tenha uma inspiração ou uma inscrição dessa
parecerista, já fará com que eu me inclua na outra faixa, de vez que ela tem
uma formação jurídica neo-fascista. Quero dizer a V. Exa. que é notória a
especialização, é uma verdade, ela existe e esse Parecer aí, se V. Exa. me
conceder, por generosidade, a possibilidade de examiná-lo na íntegra, vou
estudá-lo e vou rebatê-lo, da primeira à última linha. E até vou examinar o
Português.
O SR. FLÁVIO COULON: Em primeiro lugar,
respondendo a V. Exa., quero dizer que V. Exa. recebeu este Parecer in totum. Não o leu, porque não tem
tempo de ler.
O Sr. Brochado da Rocha: Não o li por uma questão
ética, para deixar que V. Exa. o lesse primeiro. E estou lhe pedindo o Parecer.
O SR. FLÁVIO COULON: Mas V. Exa. tem o Parecer,
ele foi protocolado na Casa. V. Exa. o está escondendo. Em segundo lugar, eu não
tenho nada a ver com relação às suas diferenças ideológicas, culturais ou
sentimentais com esta Procuradora. Isto não é problema meu. Existe um Parecer e
o Tribunal de Contas vai dizer se ele está certo ou se está errado.
O Sr. Brochado da Rocha: V. Exa. pode ir aonde
quiser, mas não venha com um Parecer cuja força seja geradora de lei.
O SR. FLÁVIO COULON: Mas quem é V. Exa. para
julgar os seus colegas? Para discriminar uma Procuradora como esta?
O Sr. Brochado da Rocha: Eu não a estou
discriminando. Apenas disse que não me filio à mesma escola que ela. V. Exa.,
como Geólogo, certamente não se filia à escola de alguns geólogos, ou não?
O SR. FLÁVIO COULON: Mas também não faço este
tipo de argumentação para invalidar um Parecer. Acho que se invalida um Parecer
trabalhando em cima do mesmo e não em cima do passado, do presente e do futuro
de cada um dos emitentes do Parecer.
O Sr. Brochado da Rocha: Mas cada um tem sua
história. V. Exa. dá anistia mental a quem tem história?
O SR. FLÁVIO COULON: V. Exa. está querendo
complicar a jogada.
O Sr. Brochado da Rocha: Não estou complicando, mas
colocando nos termos reais.
O SR. FLÁVIO COULON: V. Exa. está colocando os
seus problemas pessoais, as idéias pessoais a respeito das pessoas, isso aqui
não é psiquiatria, isso aqui é a tribuna da Câmara Municipal, os seus problemas
pessoais com essa Procuradora são problemas seus.
O Sr. Brochado da Rocha: Não, senhor, não tem nada de
psiquiatria, aliás, posso oferecer o que já tive para V. Exa., que certamente
lhe fará muito bem.
O SR. FLÁVIO COULON: Até agora não precisei.
O Sr. Brochado da Rocha: Quem sabe, não é Vereador?
Agora, a posição intelectual, minha, nada tem que ver com o aspecto pessoal da
senhora que me merece o maior respeito, como pessoa, agora, intelectualmente,
estamos em faixas opostas, eu jamais votaria no Sr. José Néri da Silveira,
tendo como fonte geradora a força eu vou lhe dar o discurso, depois vou lhe dar
o Ato.
O SR. FLÁVIO COULON: Gostaria também que V. Exa.
me desse todos os discursos do Sr. Leonel Brizola.
O Sr. Brochado da Rocha: Respondo pelos meus, mas V.
Exa. terá que dar de todos aqueles que foram líderes de V. Exa., e vamos ver
quem é que tem mais currículo.
O SR. FLÁVIO COULON: Encerro, agradecendo a
generosidade da Mesa. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Solicito ao Ver. Brochado
da Rocha que reassuma a Presidência dos trabalhos para que eu posso utilizar a
tribuna.
O SR. WERNER BECKER (Questão
de Ordem):
Eu gostaria que V. Exa. me concedesse tempo de Liderança.
O SR. PRSIDENTE: Liderança com V. Exa., cinco
minutos.
O SR. WERNER BECKER: Sr. Presidente, Srs.
Vereadores, Srs. Funcionários da Casa. Preliminarmente, ouvi com agrado que o
Sr. Presidente afirmou ter sido um equívoco o envio da consulta à Procuradoria
Geral do Estado, mesmo porque não vejo nem competência, nem a motivação da
Procuradoria em opinar sobre um assunto estrito, interno do Município. Então,
este Parecer me parece também que já tem um vício preliminar, é o vício da
competência da Procuradoria do Estado exarar o Parecer. Se fosse eu o
parecerista, funcionário da Consultoria-Geral do Estado, simplesmente daria um
parecer para devolver à Presidência da Câmara por não caber nenhum
pronunciamento da Consultoria-Geral do Estado. A Sra. Procuradora que exarou o
Parecer poderia perfeitamente emitir um parecer em seu nome pessoal, tem todo o
direito. Não me estranha que venha o nome da Procuradoria Geral do Estado, não
vejo relação, não vejo nexo, mas, de outra parte achei extremamente saudável a
preocupação da bancada do PMDB, em relação a assunto tão polêmico, de enviar um
pedido, acho que poderia ser chamado assim, um Pedido de Providências ao
Tribunal de Contas do Estado. Só perguntaria se não seria o caso de refletir se
aquele final agressivo ao PDT, como Partido político ao qual muitos Ministros
do Tribunal de Contas, conselheiros do Tribunal de Contas participam, têm
origem no PDT, isso poderia criar, inclusive, um clima emocional muito ruim
dentro do Tribunal que poderia eivar de faccismos a favor ou contra esta
decisão. Afinal de contas, o Tribunal de Contas não é um Tribunal Judiciário
onde se pode argumentar com mais veemência, com mais paixão, com mais ardor.
Acho que se o pedido fosse exarado meramente com uma redação técnica, parece
que deveria prosperar com mais tranqüilidade. Mas, acho que concluo fazendo um
requerimento ao Sr. Presidente, que, se o Presidente tivesse uma cópia do
Parecer, V. Exa. me cedesse uma cópia do Parecer. Peço na condição de Vereador,
porque acho este assunto polêmico e eu gostaria de estudar.
Quando V. Exa. afirma que a Assessoria do Governo do Estado estranha
que esteja com antecedentes ideológicos estranhos, veja V. Exa. que não
estranho. Ainda agora li que o Ministro do Planejamento da Nova República
também faz parte da mesma corte anterior, e tinha participado do Governo Delfin
Neto. Esta mistura do passado com o presente, esta nostalgia da Nova República
com a Velha, isto não me surpreende no campo estadual porque, parece, está
marcadamente clara, do plano Federal, afinal trata-se de uma transação ou de
uma transição que se está fazendo, onde esses entrosamentos da Nova República
com a Velha, do pensamento da esquerda com o pensamento da direita, têm causado
todas essas complexidades e, talvez, uma inflação de 18% ao mês.
Mas quero o meu Requerimento que teve, em mãos, uma cópia do Parecer.
Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Brochado
da Rocha):
Com a palavra, o Ver. Frederico Barbosa.
O SR. FREDERICO BARBOSA: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores. Estes últimos 7, 8 dias, têm mostrado as manchetes dos jornais,
rádios e televisões, com referência à polêmica reabertura ou não da Ilha do
Presídio. Quero, antes de me manifestar, deixando absolutamente claro que me
filio, como morador desta cidade, deste Estado e deste País, a tantos quantos,
creio eu, ou seja, à grande maioria ou toda a população brasileira dos que
estão assolados, preocupados e temerosos com a situação da violência atual na
cidade de Porto Alegre, no Estado do Rio Grande do Sul, no País. Isto, faço
questão de manifestar, eis que me parece que qualquer revelação, qualquer
manifestação a respeito de presídio de segurança máxima, a respeito de
possibilidade de maior segurança para a população, certamente e psicologicamente
vem ao encontro dos anseios e desejos de todo o povo brasileiro. Não há - a não
ser que esteja equivocado - uma pessoa que não esteja a desejar e a exigir
maior segurança para si e para a sua família hoje em dia.
Gostaria de me manifestar sobre as notícias a respeito da reabertura da
Ilha do Presídio. Em 1º lugar as manifestações jornalísticas com referência a
uma possibilidade de abertura ou reabertura da Ilha do Presídio fizeram com que
movimentos fossem acionados e neste ponto me congratulo com o movimento já
estampado nas páginas dos jornais do Rio Grande do Sul, de empresários e
presidentes de entidades comunitárias da Zona Sul de Porto Alegre, que na
manifestação contrária à abertura do presídio e num desejo absolutamente lícito
de defesa, os empresários vinculados à área náutica, de que haja uma navegação
com segurança no Guaíba, e das entidades ecológicas no sentimento e no temor de
que a reabertura da Ilha do Presídio possa, inclusive, ao contrário de
solucionar o problema, trazer novas preocupações, principalmente aos moradores
da Zona Sul de Porto Alegre, que se questiona a possibilidade da abertura,
dialoga e abre um amplo debate sobre o problema, merece as congratulações pela
rapidez da sua atuação e da maneira com que, senão me engano, amanhã estarão à
noite reunidos na Ipanema Náutica, e o movimento - segundo me consta -
pretende, inclusive, realizar um encontro na própria Ilha do Presídio para
mostrar que não serve a sua reabertura, e serve, isto sim, para uma área
turística de nossa cidade. Esse movimento merece os elogios pela maneira com
que abre o diálogo. É nesse sentido, Sr. Presidente e Sr. Líder do PMDB nesta
Casa, que quero colocar o problema e fazer algumas sugestões.
Parece-me que o que não está amplamente divulgado é se o retorno da
Ilha, a reabertura da Ilha, diga-se de passagem, fechada no Governo passado,
quando ainda em funcionamento - e é pena que não se tenha mais na Casa, mas a
Assembléia tem o ex-Vereador Mendes Ribeiro, e atual Deputado Mendes Ribeiro
Filho, que foi o autor do fechamento da Ilha do Presídio, não se tenha os
pareceres, mas o Deputado certamente irá se manifestar para que se tenha
relembrado todos os problemas apresentados quando a Ilha ainda em funcionamento
são muito maiores hoje, porque se conhece que qualquer imóvel, qualquer próprio
público ou particular que reformado durante o seu uso, certamente, sai um custo
muito menor do que reformado depois do total abandono que os jornais mostraram
a poucos dias. Além disso, gostaria de fazer uma sugestão ao líder do PMDB,
Ver. Flávio Coulon, nesta Casa, e ao Presidente da Casa. A população de Porto
Alegre certamente é a mais preocupada com a notícia da reabertura da Ilha do
Presídio. Em primeiro lugar pelo número da população de Porto Alegre. Em
segundo lugar pelas manifestações das entidades que já se movimentam. Em
terceiro lugar até porque não ouvimos, ainda, nenhuma manifestação da população
de Guaíba, das populações que poderiam ser atingidas, por fugas, eventualmente,
como já ocorreu até em panelas, dos presidiários que lá habitavam.
Então, a sugestão que é encaminhada ao Presidente da Casa e ao Líder do
PMDB, Partido ao qual pertence o Secretário da Justiça e da Segurança,
ex-Deputado Valdir Walter, é que esta Casa, quem sabe, num contato - e por isso
apelei à audiência do Líder do PMDB -, fizesse um convite para que o Secretário
Valdir Walter viesse à Casa do Povo de Porto Alegre, povo este que se encontra
extremamente preocupado com a sua segurança, com o problema carcerário,
problema penitenciário e com a notícia em manchete da reabertura ou não e o
estudo de reabertura da Ilha do Presídio; pudesse esta Casa convidar o
Secretário, quem sabe esta Casa convida o Sr. Secretário para uma reunião onde
estejam presentes as entidades comunitárias, as entidades vinculadas aos
agentes e técnicos penitenciários, para que possamos debater, quem sabe a
semana que vem, com a população de Porto Alegre. Convidando deputados, sem
tentar ultrapassar a área estadual onde está vinculado o sistema penitenciário
do Rio Grande do Sul, esclarecendo a população, para a qual devemos, por força
do voto, explicações.
O Sr. Brochado da Rocha: V. Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Gostaria de acrescentar ao seu discurso que acho
saudável a sugestão. É uma coisa que vem sendo despercebida no Plenário da
Câmara. 1º) Esta Casa, em Legislaturas passadas, já se manifestou extremamente
contrária a que o Presídio fosse na Ilha. Aliás, saudou a extinção daquele
presídio. Junto com a Câmara, saudaram alguns elementos hoje componentes do
Governo Estadual, que muito me admira, agora, aliás, cogitarem o assunto.
Modestamente gostaria de deixar meu ponto de vista pessoal. Acho, Ver.
Frederico Barbosa, com convicção, não pessoal, mas sobretudo advinda de contato
com a população de Porto Alegre, que todos são rigorosamente contrários a que
se use uma Ilha de Porto Alegre, na frente da Cidade, como Presídio. É uma
posição ao longo do tempo tomada e hoje ratificada. Quero-lhe dizer,
contribuindo à missão que V. Exa. está delegando ao Ver. Flávio Coulon, líder
do Governo nesta Casa, que somo-me a V. Exa., porque o assunto está se tornando
piada. O assunto usar a Ilha está se tornando piada em chacota. Temos de ter
cuidado em tratar o assunto porque, de repente, vamos estar num mar pautados pela
piada em chacota. É um absurdo e já ouvi a indignação total com a utilização de
tal Ilha para presídio. Ouvi em várias camadas sociais sobre absurdo e
indignação com tal Ilha para presídio. Porque de repente somos alvos de piadas.
Porque ouvi de várias camadas culturais e sócio-econômicas, o absurdo e
indignação com tal Ilha ocupada de presídio.
O SR. FREDERICO BARBOSA: O Ver. Brochado da Rocha tem
razão em relação ao problema e a seriedade como deve ser tratado, sem querer em
nenhum momento dizer até que alguém esteja tratando do problema sem a devida
seriedade. Mas a nossa preocupação, Ver. Coulon, é como representantes da
Cidade de Porto Alegre, e até porque, por exemplo, na semana passada, existiam
notícias contraditórias, inclusive em jornal de Porto Alegre, dizendo que o
Secretário tinha dito que não havia pensado no assunto, não teria dado
declarações. Então, para que isso fique perfeitamente esclarecido, não quero
nem emitir posição sobre o problema. Gostaria é que esse problema fosse
desvendado, no sentido de que a população de Porto Alegre, através da sua Casa
Parlamentar, pudesse ter uma explicação, se o Secretário Valdir Walter pudesse
nos dar explicações a respeito.
O Sr. Flávio Coulon: V. Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Só para esclarecer, esse assunto saiu de uma idéia
que foi muito mais explorada pelos órgãos de comunicações do que pelo Governo
do Estado. Realmente houve uma idéia, mas essa idéia não prosperou dentro do
Governo do Estado. Não existe no momento, em princípio, nenhuma providência
efetiva no sentido de reaproveitar aquela ilha como Ilha do Presídio novamente.
Agora, vou tentar obter exatamente a confirmação dessa notícia do
gabinete do Secretário para trazer aqui amanhã.
O SR. FREDERICO BARBOSA: Sou grato pelo aparte de V.
Exa. e só lembro, evidentemente, que em nenhum momento estou duvidando, até
porque existem algumas manifestações que foram trazidas a este Vereador, no
sentido de que V. Exa. está dizendo, mas só no sentido de dizer que, por
exemplo, o Jornal "Zero Hora" declara que Simon decide e dá a
entender que esses assuntos serão entregues ao Governador, possivelmente até
amanhã ou quinta-feira, amanhã é o dia de hoje, quinta-feira é amanhã, o Jornal
é de ontem, para uma decisão final, provavelmente, ainda esta semana, ou seja,
se a notícia reflete o desejo do Secretário ou do Governador, provavelmente até
a minha solicitação de esclarecimento para semana que vem estaria até
ultrapassada. Mas, recebi, também, informações, como V. Exa. trouxe ao
microfone e o aparte ao meu discurso, com muita honra, de que não seria bem
assim. Então, este é o intuito da solicitação, porque então a população
poderia, tranqüilamente, quem sabe as entidades - e é muito salutar que as
entidades se reúnam -, ecologistas, entidades comunitárias, agentes
penitenciários, todos os que desejarem, a comunidade em si continue o debate
até endereçando para outro alvo que não o alvo da Ilha da Pintada.
E antes de passar a V. Exa., pedindo escusas à Mesa por já ter
ultrapassado bastante o meu tempo, dizendo inclusive que quem sabe as entidades
agora reunidas possam até mesmo, sem excluir o problema da reabertura da Ilha
do Presídio, trazer uma excelente colaboração ao Governo do Estado para o
aproveitamento e reaproveitamento da Ilha que lá está deixada ao relento e aos
vândalos que parece que até lá já andam atuando e quebrando o resto que já
sobrava da quebrada Ilha que tinha lá os presidiários de alta periculosidade.
O Sr. Cleom Guatimozim: V. Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Vereador, não adianta construir presídios, usar
ilhas, senão se fizer uma reforma penitenciária envolvendo o pessoal. Veja V.
Exa. o pavilhão de biotipologia da Penitenciária, que deveria ter um prontuário
para cada presidiário - veja V. Exa., eu não quero dar aula de biotipologia,
quero apenas explicar que os psicólogos do Instituto de Biotipologia deveriam
saber quem pode liderar os motins, quem pode se tornar líder de uma rebelião,
porque usando dos elementos de que dispõe, formas e estruturas humanas nos
levam a descoberta de um comportamento. Isto é biotipologia. Então, os tipos
humanos e suas reações emocionais devem ser examinados. A começar, eles não tem
os prontuários de todos os presidiários, eles não sabem quem pode liderar os
motins e não sabem quem são os mais agressivos, a não ser o recorte de jornal,
publicado pela imprensa. Então, nós precisamos de uma reforma penitenciária
urgente, com pessoal especializado, e com as altas técnicas, que nós temos
condições de fazer aqui, no País, sem importar nada.
O SR. FREDERICO BARBOSA: Agradeço o seu aparte, o
qual muito honra o meu pronunciamento. Encerro, pedindo escusas por ter
ultrapassado bastante o meu tempo. Acho que a população de Porto Alegre está
necessitando de um esclarecimento, o mais rápido possível, que o Ver. Coulon se
propõe a trazer a esta Casa amanhã, ou seja, a Ilha do Presídio, como idéia do
Governo do Estado, será reativada ou não? Acho que amanhã poderemos ter uma
resposta oficial, através do Líder do PMDB nesta Casa. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Luiz
Braz):
Solicito ao Ver. Frederico Barbosa que assuma a Presidência dos trabalhos, uma
vez que eu sou o próximo orador inscrito.
O SR. PRESIDENTE (Frederico
Barbosa): Com
a palavra, o Ver. Luiz Braz.
O SR. LUIZ BRAZ: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, no ano passado nós apresentamos aqui na Casa um Projeto intitulado
“Ônibus Operário”, e quando, no final do ano, ou segundo semestre, o Governo
Federal tornava eficaz a sua Lei do vale-transporte, nós resolvemos não mais
trabalhar em cima daquele Projeto do “Ônibus Operário”, porque pensávamos que,
através do vale-transporte, a situação do operário, no seu direito de ir e vir,
seria plenamente resolvida. Depois de passado algum tempo, nós estamos assistindo
uma fase de implantação do vale-transporte em que o operário está vivendo
aquele mesmo tipo de problema. Por quê? Porque as empresas - e conheço várias
delas - simplesmente se negam a dar o vale-transporte, desrespeitam a Lei, e
quando o empregado chega ao empresário e diz que ele precisa do
vale-transporte, que ele tem direito ao mesmo, a empresa simplesmente diz que
ela não tem recursos suficientes para lhes dar o benefício. E quais as armas
que o empregado tem? Ele pode ir ao Ministério do Trabalho, pode tentar buscar
os seus direitos em outras esferas. Mas o que aconteceria com este empregado se
ele agisse? Simplesmente ele perderia o seu emprego. Então, ele não vai buscar
os seus direitos e fica sem o seu vale-transporte e sem armas para pressionar o
empresário para lhe dar o vale-transporte. Nos tempos atuais, quando temos um
salário mínimo por volta de 4 mil cruzados e onde um salário por volta de 10
mil cruzados é um salário que está sendo considerado razoável e que é o salário
recebido por quase toda a maioria da população brasileira, este tem sido o
parâmetro, nós vemos que 6%, que é o que diz a lei do vale-transporte,
significam 600 cruzados e dão direito a 50 passagens. Então, o cidadão que
ganha 10 mil cruzados, que é praticamente nada, que não lhe dá nem o direito de
uma sobrevivência condigna, perde praticamente o interesse em requerer o
vale-transporte, porque aquilo que ele gasta com passagens empata exatamente
com o vale-transporte.
Por estes motivos, nós tomamos uma resolução: vamos fazer com que o
nosso Projeto do Ônibus Operário possa receber um reestudo, neste período de
recesso, e vamos reapresentá-lo no mês de março, porque acreditamos que, mesmo
com a vigência do vale-transporte, um projeto como este terá grande utilidade
para toda população pobre. O “Ônibus Operário”, que tem a idéia - Ver. Rafael
Santos, que também trabalhou nesta área no ano de 87 - de transportar
passageiros pobres, que ganham o salário, ou estes dois salários que,
praticamente, se transformam em nada, transporta esses passageiros cobrando 50%
da passagem, e com isso se torna viável? Colocando à disposição das pessoas um
transporte, por exemplo, que está em estudo, estamos reestudando agora, na
época do recesso, que não tivesse os bancos e que pudesse carregar mais
passageiros, compensando assim aqueles 50% que a empresa estaria perdendo na
sua passagem para transportar comodamente a pessoa sentada e pagando a tarifa,
agora, de 12 cruzados, poderia transportar mais passageiros pagando 50% da
tarifa. Já recebi críticas nesse setor, dizendo que só porque o cara é pobre,
vai pagar uma tarifa mais baixa e vai ser transportado como gado, todo
apertado, mas acontece que temos que viver a realidade do nosso País,
infelizmente. Não fiz esse sistema, apenas vivo dentro dele, não concordo com
ele, mas vivo dentro dele, e vivendo, tenho que, pelo menos, colocar à
disposição das pessoas condições para que elas possam sobreviver, e acredito
que o ônibus operário vai dar mais condições para que as pessoas possam
sobreviver, pelo menos neste seu direito de ir e vir.
O Sr. Rafael Santos: V. Exa. permite?
(Assentimento do orador.) Nobre Vereador, nós assistimos, no correr do ano de
87, que as passagens que ônibus subiram mais que a inflação, houve um acréscimo
de passagens superior à própria inflação. Evidentemente que isso trouxe uma
preocupação para todos nós, e V. Exa. propôs o “Ônibus Operário”, e eu, a
“Passagem Operária”, e os dois Projetos se encontram congelados na Comissão dos
transportes, pelo desinteresse da administração municipal; acho que ambos têm
vantagens e desvantagens, mas acho que realmente, no início de 88, temos que
tratar desse assunto em grandes debates, e vou, novamente, trazer o meu
Projeto, vou pedir o desarquivamento imediato e me proponho até a me unir a V.
Exa. para um debate único entre o “Ônibus Operário” ou “Passagem Operária”. Não
quero ter nenhum privilégio, acho que nós temos que discutir para ver o que é
melhor e realmente implantar em Porto Alegre o “Ônibus Operário” ou a “Passagem
Operária”, porque realmente quem vive hoje do piso salarial não tem condições
de pagar o transporte.
O SR. LUIZ BRAZ: Ver Rafael Santos, o
importante, inclusive, não é quem será o pai da idéia, porque o projeto depois
que passa aqui nesta Casa... Eu vi
ontem com grande satisfação, em nível nacional, ser focalizada a Lei aprovada
aqui na Câmara Municipal, de autoria do Ver. Pedro Ruas, com referência ao
troco, então, a apresentadora da televisão saudava realmente esta medida tomada
aqui pela Câmara Municipal e até lamento inclusive que na notícia em nível
nacional não tenha saído o nome do autor, mas, o importante é que quando o
Projeto passa aqui pela Casa, ele deixa de ter autoria, porque um Vereador só
seria incapaz de aprovar qualquer tipo de projeto, então, o projeto tem a
autoria de todos os Vereadores, por melhor que ele seja, porque quando ele
entra aqui na Casa, ele começa a ser melhorado. Eu concordo com V. Exa., acho
que nós poderíamos nos reunir, reunir a nossa assessoria e até estudar uma
forma de apresentarmos o melhor possível a esse Projeto. Não qual é o melhor ou
qual é o pior, mas reunir o que existe de bom realmente nesses Projetos, a fim
de que possamos causar benefícios a esta população que sofre muito dentro desta
área, independente do preço, da qualidade do transporte, mas por não ter
condições mais de pagar esta tarifa pelo pouquinho que está ganhando, nem pelo
tanto que a tarifa sobe, porque a tarifa não está tão alta se comparada com
outros países no transporte coletivo. Agora, com relação ao que está ganhando o
cidadão, realmente, este preço de tarifa esmaga o orçamento.
O Sr. Flávio Coulon: V. Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Ver. Luiz Braz, este Projeto a que V. Exa. se refere
é aquele mesmo que, quando nós aprovamos na Câmara, o Prefeito Municipal saiu
com uma série de pedradas contra o autor do Projeto e contra os Vereadores que
o aprovaram, o projeto do troco, mas, que depois ele evoluiu na sua posição e
acabou concordando. Por falar nisso estou esperando o teor da Mensagem que ele
sancionou, porque segundo me informam teria havido uma modificação neste
projeto transferindo para o cobrador a responsabilidade pela falta de troco.
Então, estou alerta e vou tentar ver no Diário Oficial o que o Prefeito,
realmente, sancionou. Mas em relação ao “Ônibus Operário”, no ano passado,
quando este Projeto correu Pauta, estranhamente não entrou em votação. Lembro
que fui à tribuna e saudei, entusiasticamente, a idéia de V. Exa. E lembro que
não parece uma discriminação contra o operário que ele tenha um ônibus
especial, com bancos ao comprido, uma vez que V. Exa., no seu Projeto, não
restringe a liberdade de cada um escolher o seu ônibus. V. Exa. coloca, assim
como às classes mais favorecidas foi colocada a lotação, V. Exa. se lembra das
classes menos favorecidas e coloca à disposição um ônibus operário, que o
operário tomará se assim o entender. Aquele que desejar viajar com mais
conforto, utilizará ônibus normal, e aquele que quiser mais conforto ainda,
viajará em outros veículos.
O SR. LUIZ BRAZ: Eu compro uma briga feia
quanto a este Projeto, porque dentro do Projeto está também escrito o seguinte:
que todas as outras classes que estão beneficiadas, atualmente, com a meia
passagem, essas classes perderiam esses benefícios da meia passagem para
dividir este privilégio com todos os outros que realmente precisam, porque tem
pessoas que estão utilizando a meia passagem e que não precisam da meia
passagem, que poderiam pagar a passagem integral e que, por isto mesmo, devem
pagar a passagem integral. Os outros que precisam pagar a meia passagem, vão
continuar, só que vão utilizar o ônibus operário que estaria à disposição não
da classe estudantil, por exemplo, ou do militar ou do pessoal do Correio, mas
estaria à disposição de toda população que precisa.
O Sr. Rafael Santos: V. Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) São as vantagens e desvantagens. Vejo e analiso
rapidamente. Aquele que não tem necessidade de utilizar um ônibus operário,
porque de repente um filho meu resolve andar de ônibus operário, e ele poderia
pagar a passagem integral. Da passagem operária, podemos limitar que apenas
aqueles que ganham até um valor “x” possam receber a passagem operária, mas aí
vem o outro lado da medalha: um casal que tem 5, 6 filhos, embora ultrapasse
aquele mínimo, na realidade, talvez, precise mais do que um outro casal que não
tenha filhos, talvez necessite até mais. Parece-me que tudo isso são elementos
para discutirmos e tentarmos encontrar a melhor fórmula de oferecer um
transporte barato a quem realmente necessite. E, se isso vai ser através deste
ou daquele mecanismo, isso nós precisamos debater, mas nós precisamos no início
desse 88 solucionar esse problema, pois eu acho indispensável e necessário.
O SR. LUIZ BRAZ: Eu recebo de bom grado, inclusive
esta união que V. Exa. propõe para que a gente possa estudar um Projeto que
seja colocado logo no mês de março para que possa ser votado, e vamos fazer
todo possível para que levemos à frente estes estudos, a fim de que o Plenário
possa receber, logo no início do ano legislativo, um projeto completamente
pronto e bom realmente para que ele possa trazer proveito para a população.
Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Próximo orador inscrito é o
Ver. Rafael Santos. V. Exa. tem a palavra.
O SR. RAFAEL SANTOS: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores. Um dos direitos mais fundamentais do homem, inalienável do homem, é
o direito de ir e vir. Eu acho que de todos os direitos naturais que o homem
possui o mais importante, talvez, seja o direito de ir e vir, tanto que a pena
pela ofensa à sociedade é graduada de várias formas, mas, sem dúvida nenhuma,
de imediato, é tirado esse direito do indivíduo de locomover-se, ele é preso e
perde o direito de locomoção. E, na realidade, a população de Porto Alegre está
perdendo o direito de ir e vir tal a quantidade de assaltos, tal a quantidade
de roubos que ocorrem hoje nesta cidade. É só olharmos os jornais para vermos o
que hoje ocorre em Porto Alegre, as pessoas hoje têm medo de saírem de suas
casas à noite, têm medo de chegar à casa de um amigo e estacionar o carro,
descer e ir até à Casa do seu amigo, porque está sujeito a ser assaltado,
porque está sujeito a ser morto na beira da calçada. A insegurança chegou a tal
ponto que mesmo no interior da sua residência não há mais garantia alguma. É
preciso que o Governo do Estado tome urgentíssimas providências no policiamento
desta Cidade. No chamado policiamento preventivo. Não adianta prender o
assassino que o que nós queremos é que a população não seja assassinada. Não
adianta prender o assaltante depois que ele fez 52 assaltos. Nós temos é que
evitar que estes assaltos sejam feitos. E isto só pode ser feito com uma
polícia preventiva. Um trabalho preventivo. A quantidade, o número espantoso de
criminosos soltos que estão condenados e soltos. E, esses dias, ainda li uma
estatística que cerca de 70% dos roubos, assaltos, são realizados por apenados,
isto é, por pessoas condenadas pela Justiça e que estão soltos. E, na
realidade, parece que não há um esforço da polícia em retirar este pessoal de
circulação. E há coisas realmente terríveis. Eu soube ontem, por exemplo, que o
Governo Pedro Simon já completou um ano e ainda não nomeou os membros do
Conselho Superior de Polícia, Ver. Flávio Coulon, isto é terrível. Quer dizer,
policias que foram pegos, encontrados praticando delitos, os processos se
acumulam no Conselho Superior de Polícia, porque deve passar pelo Conselho, até
para ser expulso da Polícia, que lá estão paralisados, porque a Administração
não nomeou ainda os membros do Conselho Superior de Polícia. Quer dizer, isto
nos primeiros dois, três meses da Administração, eu acho que é normal.
Administração nova e tal, quer escolher bem. Agora, decorrido um ano da
Administração, ainda não nomeou um representante do Conselho Superior de
Polícia, isso já é descaso, desinteresse com a polícia e com a segurança
pública. Mas, quando das manifestações do magistério há policiais suficientes
para cercar a Praça da Matriz. Então, não há falta. É preciso apenas colocar
esse contingente de policiais na rua a fazer o policiamento preventivo e não só
tirá-los das delegacias e quartéis quando os professores fazem manifestações em
frente ao Piratini. Se houvesse falta, não teria nunca. Ninguém recruta polícia
em 24 horas; amanhã tem uma manifestação, então, vamos inscrever policiais para
reprimir a manifestação. Os policias existem.
Peço que os Srs. Vereadores peguem seus automóveis às dez horas da
noite, e circulem por Porto Alegre: não se acha uma viatura da Polícia Civil,
da Brigada, um policial. Está aí o resultado: é só abrir os jornais e ver. Que
o Governo do Estado seja mais sensível à segurança pública, que dê ao
porto-alegrense esse mínimo que ele necessita, o qual não lhe tolha mais no seu
direito de ir e vir. Que os cidadãos possam sair de casa, sem medo de serem
assaltados nas portas de suas residências. É preciso que isto acabe. É uma
questão de prioridade, de colocar uma quantidade maior de policias nas ruas,
especialmente à noite. Parece que há toda uma estrutura montada para que não se
dê segurança ao porto-alegrense. As ruas estão às escuras, não há policiais,
está-se criando um clima de pavor na população. É só conversar com as pessoas e
elas contam que já não vão mais a restaurantes, cinemas, teatros, com medo de
serem assaltados. Ele sai de casa e tem medo de deixar o seu automóvel
estacionado, porque, quando voltar, pode não tê-lo mais ou tê-lo arrombado. Há
dezenas de exemplos de pessoas que foram ao teatro ou cinema e quando de lá
saíram não mais acharam seus carros ou acharam-nos roubados, depredados,
quebrados, estourados. Até dentro de casa já perderam a segurança. Têm medo e
não mais saem. Só por isso. Porque eles saem de casa para irem a um cinema e
têm medo de deixar o automóvel estacionado e quando voltarem não encontrarem
mais. Há dezenas de pessoas que saíram para ir ao teatro ou cinema e, quando
voltaram não encontraram mais ou, se encontraram, estava depredado. E, dentro
de casa, também não sentem segurança.
Então é preciso que o Governo do Estado se sensibilize para isso, dando
mais segurança para a população. Quem passa pela Protásio esquina com a
Carazinho, ali há um forte policiamento, 3, 4 policiais, porque ali mora o Sr.
Governador Pedro Simon e a sua família, o que já garante o policiamento de sua
loja Salem. Então ali há policiamento, então por que não estender esse
policiamento? É preciso que se saiba onde estão as viaturas da Brigada Militar;
hoje não se vê mais. Há questão de um ano atrás tinha pontos em que a Brigada
estava sempre naqueles pontos, hoje não se vê mais, estão abandonados. Esse é
um apelo que eu quero deixar para o Governador, que dê a Porto Alegre um pouco
de segurança, um pouco de tranqüilidade, implantando um policiamento
preventivo.
Pois, esta Cidade está virando uma selva, cada um por si, e cada um
tendo que fazer a sua própria defesa. A cidade, para ser civilizada, precisa,
em primeiro lugar, e antes de tudo, que seus habitantes tenham segurança. Muito
obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Próximo orador inscrito é o
Ver. Raul Casa. V. Exa. está com a palavra.
O SR. RAUL CASA: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, com simpática manifestação do ilustre Líder do PMDB, depois das
graves considerações que fez, também o não menos ilustre Ver. Rafael Santos, sobre
os problemas de segurança, uma neurose não apenas para os homens públicos, mas
para própria população, mormente diante de alguns assassinatos ocorridos,
nestas últimas semanas, de pessoas mortas de forma covarde, como foi o caso do
Engenheiro Poli, como foi o caso do Dr. Castro de Castro, sem contar com os
inúmeros assaltos envolvendo familiares e famílias de amigos nossos.
Eu gostaria de fazer da Tribuna mais um apelo ao ilustre Governador do
Estado, Dr. Pedro Simon, que até é amigo pessoal nosso, para nossa honra, mas
que têm algumas áreas da sua Administração que deixam muito a desejar. A CRT,
por exemplo, transcorrido já praticamente um ano da instalação do novo Governo,
vem se constituindo num dos mais graves fracassos da atual Administração.
O Sr. Rafael Santos: V. Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) O último recurso para se ter alguma segurança na
cidade é ligar o 190, aí não funciona, porque realmente a CRT entrou em caos
absoluto e total. V. Exa. está tocando num assunto importantíssimo, que é o que
está ocorrendo, hoje, na CRT, não se consegue nem ao menos a transferência de
um telefone de um bairro para outro, eles estão pedindo noventa dias para fazer
essa transferência de telefone.
O SR. RAUL CASA: É incrível realmente, Ver. Rafael
Santos, quando se pede para fazerem um conserto, eles pedem de oito a dez dias,
aliás, até a gente entende esta situação que ocorre com a CRT. Eu acho que
diante da situação de calamidade em que está a nossa comunicação interna,
sugerindo aí que empresas particulares façam o conserto. Se aceita isto, eu
acho que é até uma medida razoável.
O Sr. Luiz Braz: V. Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) V. Exa. está tocando num ponto muito melindroso,
principalmente para o seu Partido, porque deixou o Sr. Athos Rodrigues, a CRT,
num estado calamitoso, lastimável. Eu estive dentro da CRT, logo após a saída
do Dr. Athos Rodrigues e, lá na CRT, numa política eleitoreira feita por ele,
foi vendida toda a reserva técnica da CRT. Quando o Dr. Vanuci foi assumir a
CRT, não existia mais reserva técnica. E aí a administração do PMDB teve
dificuldades que foram ocasionadas pela má administração do Dr. Athos
Rodrigues.
O SR. RAUL CASA: V. Exa. sabe que o Deputado
Athos Rodrigues fez uma administração que não apenas honrou a Administração do
Dr. Jair Soares, como deixou a CRT em situação até um pouco melhor do que
estava. Isto aí é inegável. Se não fosse assim, o Dr. Athos Rodrigues não
teria, inclusive, tido a manifestação de urnas que teve. É inegável que o Deputado
Athos Rodrigues provoca até uma certa ciumeira em muitos homens públicos,
porque todo mundo sabe que ele é um consagrado homem público. E uma das grandes
esperanças da política rio-grandense é o Deputado Athos Rodrigues.
O Sr. Luiz Braz: A população do Rio Grande do
Sul sabe muito bem que também numa
ação eleitoreira do Dr. Athos Rodrigues, que foi eleito no ano passado, mas que
nunca mais o será nesta terra, se este povo tiver memória. Sabe o que ele fez?
V. Exa. sabe! É impossível que V. Exa. não saiba! O Dr. Athos Rodrigues vendeu
telefones sem ter capacidade de entregá-los! Pegou o dinheiro da venda desses
telefones e não conseguiu material para poder suprir os acionistas que ele
chamava para dentro da CRT. Somado isto com mais a venda da reserva técnica,
como é que V. Exa. queria que a administração do PMDB pegasse a CRT e fizesse o
milagre de transformar esta empresa falimentar numa empresa rentável?
O SR. RAUL CASA: Todo mundo sabe, é público e
notório que o Dr. Pedro Simon tinha todas as cartas na manga para solucionar o
problema em 30/60 dias. Esperava-se que, com a administração do Sr. Pedro
Simon, como num passe de mágica - e não digo que o nosso ilustre Governador
tenha usado da mesma estratégia da vigarice do Plano Cruzado, não foi isto, S.
Ex.ª que, há mais de 25 anos, era um homem mais do que bem informado, porque
sempre foi o chefe da oposição no Rio Grande do Sul e sabia da situação da CRT,
era amigo dos homens lá em cima -, fosse resolvida a questão. Mas, pelo
contrário, a situação da CRT, hoje, é infinitamente mais grave, mais
deteriorada do que quando estava a sua frente o Dr. Athos Rodrigues. E quero
apenas me referir a uma situação nova de um sistema que foi implantada ainda no
governo do Dr. Jair Soares, mas que hoje é uma calamidade pública. Talvez, até,
em função desta venda de reserva técnica, porque os problemas da CRT não vêm de
hoje. No momento em que a CRT não quis se integrar ao Sistema Nacional de
Comunicações - e aqui façamos a nossa "mea culpa", anterior até a
situação de emergência do Governo Jair Soares - a CRT passou a entrar em
defasagem. Mas o sistema RENAX, que é um sistema de telefonia rural, que foi
vendido a um preço exorbitante, simplesmente não funciona, por problemas de
ordem técnica, porque o sistema talvez seja novo. E aqui quero fazer um apelo
amistoso, não estou aqui a dizer que o PMDB deveria solucionar, em 48 horas,
aqueles problemas que herdaram e de que ele tinha pleno conhecimento, sabia da
situação, e agora fica dizendo que não pode solucionar, claro que poderia,
porque foi com essa promessa, e com esse discurso, e os problemas não apenas se
agravaram, se deterioraram, como também deram ao povo, e isso é inegável, V.
Exa. sente na rua, programa de rádio que V. Exa. faz, e que tive o prazer em
escutar, pode verificar o quando o povo está decepcionado, magoado, e sente o
gosto da frustração, pela maneira como vêm se comportando muitos setores, a
administração do Dr. Pedro Simon. Gostaria de dar um honroso aparte ao ilustre
líder do PMDB.
O Sr. Flávio Coulon: Ver. Raul Casa, em primeiro
lugar, gostaria de cumprimentar V. Exa. pela passagem de seu aniversário,
devidamente badalado pela imprensa, sua mansão aberta aos convidados especiais,
entre os quais o Prefeito Alceu Collares e a Secretária Neusa Canabarro.
O SR. RAUL CASA: Que, aliás, freqüenta a
minha casa há mais de 25 anos, é um amigo meu.
O Sr. Flávio Coulon: E acoplado a uma notícia de
que V. Exa. vai para o PDT, me deixou preocupado, mas nem por isso V. Exa. não
merece os nossos cumprimentos, e da bancada do PMDB. Agora, a respeito de suas
palavras sobre a CRT, quer me parecer que o senhor está saindo do seu
aniversário, chegando aqui a 1 hora da tarde.
O SR. RAUL CASA: Vereador, estou aqui desde
às 9 horas da manhã.
O Sr. Flávio Coulon: E ainda não está bom das
idéias, está confundindo as coisas, porque vir aqui reclamar da CRT, depois do
que o PFL fez na CRT, é só quem está sob a influência do aniversário. Por isso,
não vou entrar na discussão desse assunto, vou esperar que aquele whisky escocês, que aquelas boas
iguarias sejam bem absorvidas, e depois nós vamos conversar sobre a CRT.
O SR. RAUL CASA: Era esse o aparte? Até com
certo constrangimento incorporo o aparte de V. Exa., evidentemente, como uma
brincadeira carinhosa de V. Exa., e digo que não foi só do PDT que estiveram na
minha casa, teve mais gente do PMDB do que do PDT. E posso citar inúmeros
amigos e companheiros que são do PMDB e, mais do que isto, comensais da minha
casa.
O Sr. Flávio Coulon: V. Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Pode até ser que sejam ciúmes deste Vereador.
O SR. RAUL CASA: Inclusive, quero dizer que
vai à minha casa até o Governador de V. Exa., para muita honra minha. Muito
obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Nada mais havendo a tratar,
estão encerrados os trabalhos.
(Levanta-se a Sessão às 12h31min.)
* * * * *